Clã Azevedo foi às compras e já gastou 200 milhões em plena pandemia

Os negócios sucedem-se em plena pandemia: a família Azevedo, dona da Sonae, já investiu mais de 200 milhões de euros em compras nos últimos meses: Salsa, Sonae Indústria, Sonae Capital e Nos.

Cláudia Azevedo e Paulo Azevedo.

Se a pandemia tem feito mossa na economia e em muitas empresas, os negócios da família Azevedo vão no sentido oposto e não têm parado de crescer com novas aquisições em 2020. Ora por questão de estratégia, ora por necessidade da circunstância (como foi o caso mais recente da Nos), os investimentos no universo Sonae superam já os 200 milhões de euros desde o início do ano.

O valor é já considerável tendo em conta a realidade portuguesa e ainda mais dado o período de grande incerteza causado pelo vírus, que poderia aconselhar maior cautela em novos investimentos. Mas a família Azevedo, cujo ativo de referência é a Sonae, tem contrariado a tendência do mercado este ano.

A Sonae, holding que detém a cadeia de hipermercados Continente, anunciou esta quarta-feira o maior investimento até agora: adquiriu uma participação de 7,38% na operadora Nos NOS 1,08% que estava nas mãos do BPI. Não foram revelados valores da operação, mas tendo em conta o preço de fecho das ações da telecom, o negócio terá sido feito por um valor a rondar os 137 milhões de euros.

O reforço na Nos surge depois de a Sonae, que passa a deter 33,45% da operadora portuguesa, ter anunciado o fim da parceria com Isabel dos Santos na Zopt. Era este veículo garantia à Sonae uma posição de controlo na telecom portuguesa. Porém, mesmo desfeita a união com a empresária angolana, a Sonae vai manter-se em situação de domínio após ter comprado os tais 7,38% ao BPI, passando a deter 33,45% da Nos.

Duas OPA de uma cajadada só

Antes disso, no último dia de julho, a Efanor, a holding familiar dos Azevedo que controla 25,9% da Sonae, “bisou” na bolsa ao lançar duas ofertas públicas de aquisição (OPA) em simultâneo: uma sobre a Sonae Capital (que reúne interesses em várias áreas, desde o turismo, fitness, imobiliário) e outra sobre a Sonae Indústria (empresa industrial do setor dos derivados de madeira).

Para concretizar as duas operações, o esforço financeiro da Efanor deverá situar-se à volta dos 81,2 milhões de euros: 65 milhões de euros na aquisição de 37,2% do capital da Sonae Capital e outros 16,2 milhões de euros na compra das ações que não detém na Sonae Indústria.

Tendo sucesso, tanto a Sonae Indústria como a Sonae Capital deixarão de estar cotadas na bolsa de Lisboa, sendo que esta última está incluída no principal índice nacional, o PSI-20.

Negócios com pitada de Salsa

Ainda antes das ofertas sobre as Sonae Indústria e Capital, em abril, em pleno confinamento, a Sonae decidiu juntar mais “Salsa” aos seus negócios: passou a controlar 100% da marca de vestuário, depois de ter adquirido os 50% à Wonder Investments. Não foram conhecidos valores do negócio.

Na altura, a Sonae destacou a marca de “renome internacional” que é a Salsa, como confirmam os seus números: os seus produtos podem ser encontrados em mais de 35 países e mais de 60% do seu volume de negócios tem origem em mercados internacionais”.

Do ponto de vista operacional e de desempenho financeiro, a Salsa registou vendas de mais de 200 milhões de euros em 2019, tendo obtido “níveis assinaláveis de rentabilidade e de geração de cash flow“, segundo sublinhou ainda a Sonae.

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