Marta Temido mantém regras de testagem nos lares apesar das críticas
Marta Temido rejeitou comentar críticas de Ferro Rodrigues, mas garantiu que são feitos testes à Covid-19 a pessoas que vivem em lares mesmo que estejam assintomáticos.
A ministra da Saúde, Marta Temido, garante que o Governo tem dado continuamente resposta ao problema da Covid-19 nos lares e vai, por isso, manter a política de testagem apesar das críticas. As declarações no fim da reunião do Infarmed seguiram-se às palavras do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que disse não compreender como é que, nesta altura, ainda não se retiraram lições do que aconteceu nos lares numa primeira vaga da pandemia.
“Não me cumpre pronunciar-me”, disse Temido quando questionada sobre as críticas do socialista Ferro Rodrigues. Mas explicou: “O que tentámos mostrar foi o caminho que temos vindo a percorrer ao longo da pandemia”, apontando para várias fases, nomeadamente quando não se sabia quem podia entrar num lar, quando a opção foi transportar todos os residentes para o hospital ou quando foi preciso reforçar os testes. “Hoje todas estas questões têm resposta”, disse.
“Continuamos a responder com meios, com um número de telefone para contactos. Penso que a segurança que podem ter em nós é a de dizermos que temos aqui um problema sério e difícil, de abordagem complexa porque exige um conjunto de meios articuladamente“, referiu Temido. A ministra explicou que foram realizados mais de 117 mil testes em lares e, questionada sobre se a pessoas assintomáticas que estiveram em contacto com um infetado ou se apenas a pessoas com sintomas, clarificou: “Rastreio significa a realização de testes numa pessoa que não tem sintomas de doença”.
As reuniões do Infarmed retomaram esta segunda-feira com a situação nos lares e o regresso às aulas como principais temas. Todos os partidos políticos elogiaram o regresso dos encontros, que ficou marcado pelo silêncio do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que, pela primeira vez, não fez declarações à imprensa. Foi o próprio Chefe de Estado que defendeu o fim das reuniões do Infarmed, mas com o país a regressar ao estado de contingência (15 de setembro), os encontros foram retomados e com as exposições técnicas públicas.
Sobre os idosos, soube-se ainda que está a ser realizada um estudo “que já permite demonstrar algumas das tendências”, como explicou José Luís Carneiro do PS. “Há conclusões que precisam de ser confirmadas que indicam que os nossos idosos possam estar até mais seguros em lares”.
O presidente do PSD, Rui Rio, é mais cético, preferindo esperar pelas conclusões do referido estudo. Referiu que “o reforço da vigilância nos lares é premente” e “fundamental” para que se possa garantir o “cumprimento das regras”, que ainda podem ser aperfeiçoadas. Da mesma forma, Bebiana Cunha, do PAN, vê a análise como fundamental para que seja conhecida a realidade e ajustadas as medidas “É fundamental que o Governo proceda ao reforço dos especialistas em saúde pública. Para nós, é fundamental que eles possam direcionar as decisões políticas”.
Governo garante segurança no regresso às aulas. Partidos pedem contratações
Já sobre o regresso às aulas, Marta Temido garantiu que o país está pronto. “Estamos preparados para enfrentar o regresso à escola em segurança das nossas crianças e jovens adultos. E estamos mais bem preparados para enfrentar um eventual reflorescimento da doença”. O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, defendeu que “não há indefinição nenhuma” e que “as regras que saíram agora vieram dizer claramente qual o papel de cada um”, sendo que a meta é que crianças e jovens continuam a ter aulas presenciais. “Se as atividades letivas foram interrompidas têm de ser interrompidas no menor espaço possível e pelo menor tempo possível”.
Mas os partidos mostraram preocupação sobre a rapidez e capacidade de resposta das escolas até ao início das aulas dentro de uma semana. “O nosso parque escolar não está assim tão preparado para todas estas regras. É necessário contratar mais auxiliares que possam estar perto dos alunos e verificar os atos de higienização, dos espaços e mais professores para que possa ser feito o desdobramento de turmas”, apontou Mariana Silva, d’Os Verdes.
Da mesma forma, Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda alinha com o pedido de reforço dos profissionais nas escolas e pede que a contratação de 8.400 profissionais para o Sistema Nacional de Saúde, previstas até 2022, seja antecipada para este ano. Além do risco dentro da própria escola, uma das principais preocupações prende-se também com a forma como os alunos se vão deslocar até à escola.
“O Governo infelizmente já está a falhar, uma vez que milhares de famílias em Portugal estão inseguras e reina a incerteza e o receio face ao regresso às aulas presenciais“, disse Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS-PP, apontando uma série de questões que colocou ao Governo sobre os mecanismos de proteção de grupos de risco, os protocolos de segurança em caso de infeções, a dotação das escolas a nível logístico e de recursos humanos, o funcionamento do ensino especial, as deslocações e a capacitação das famílias para modelos mistos.
Os mais críticos foram, ainda assim, André Ventura e Tiago Mayan Gonçalves. O deputado único do Chega quis deixar uma “nota muito crítica em relação à atuação do Governo”, dizendo ver “grande probabilidade de não correr tudo bem na reabertura das escolas”. Já o candidato à presidência da República do Iniciativa Liberal avaliou o resultado da reunião como “dececionante”. “Vimos pessoas mais preocupadas com salamaleques e cumprimentos do que em passar uma mensagem aos cidadãos”, acrescentou.
(Notícia atualizada às 21h35)
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