De Espanha à Áustria, o que estão a fazer os países europeus para travar a segunda vaga?

Restrições de horários, apelos ao teletrabalho e alargamento das orientações relativas ao uso de máscara são algumas das apostas dos países europeus para travar uma 2ª vaga da Covid-19.

Numa altura em que vários países europeus batem recordes sucessivos de novos casos confirmados de Covid-19, os governos europeus desdobram-se em medidas para travar a disseminação do surto. Tudo isto num equilíbrio entre a proteção da saúde pública e não comprometer a recuperação económica.

Restrições de horários de bares e restaurantes, apelos ao teletrabalho, restrições à mobilidade e alargamento das orientações relativas ao uso de máscara são algumas das apostas. De Espanha à Áustria, conheça as medidas tomadas pelos países europeus, de forma a evitar ao máximo um novo confinamento geral.

Espanha aperta “cerco” em Madrid

Cerca de três meses depois do confinamento geral, Espanha tornou-se um dos países da Europa mais afetados pela pandemia, tendo já o número mais elevado de casos confirmados do espaço Schengen. A capital, Madrid, é a região que mais tem suscitado preocupações por parte das autoridades de saúde, e por isso, o governo regional decidiu apertar o “cerco”.

A partir desta segunda-feira, as atuais 37 zonas sanitárias na área metropolitana de Madrid passam a ser 45 com restrições à mobilidade dos cidadãos: não é permitida a entrada ou saída, exceto para ter acesso a bens essenciais ou ir trabalhar, a lotação nos espaços fechados é reduzida para 50% e os estabelecimentos comerciais e hoteleiros devem fechar às 22h00. Estas restrições vão condicionar a mobilidade de mais de um milhão de madrilenos.

Dado o aumento exponencial de novos casos, o ministro espanhol da Saúde alertou que “vêm aí semanas difíceis” na Comunidade de Madrid. “Vêm aí dias difíceis pela frente em Madrid e temos de agir com determinação para assumir o controlo da pandemia. Neste contexto, vamos fazer as nossas recomendações”, apontou o Salvador Illa, citado pelo El País (acesso livre, conteúdo em espanhol).

França restrições a bares e restaurantes para fecharem mais cedo

O Governo francês declarou “alerta reforçado” em cidades como Paris, Lille e Montpellier face ao aumento diário de infeções por Covid-19. Seguindo o exemplo de outros pares europeus que estão a ser atingidos por uma segunda vaga da doença, França ordenou a interdição de grandes eventos, festas, bem como a redução dos horários dos bares.

Nesse sentido, nestas cidades o número máximo de pessoas num evento é agora de 1.000, estando proibidas festas ou ajuntamentos de mais de dez pessoas em parques. Quanto aos ginásios, bares e restaurantes têm de encerrar a partir das 22h. No nível seguinte, considerado de “circulação máxima” do vírus, está Marselha e a região ultramarina da Guadalupe, onde os bares e restaurantes vão fechar a partir desta segunda-feira. O Governo apelou ainda que as empresas recorram ao teletrabalho.

Reino Unido incentiva teletrabalho e reduz horários dos bares

O Reino Unido é oficialmente o país mais afetado da Europa, com o número mais elevado de mortes registadas até ao momento. Nesse sentido, o primeiro-ministro inglês anunciou na semana passada um pacote de medidas mais apertadas para combater a pandemia de Covid-19. Boris Johnson confirmou que pubs, bares, restaurantes e outros espaços de lazer em Inglaterra são obrigados a fechar às 22h00, o atendimento só pode ser feito à mesa e os empregados vão ter de usar máscara.

Além disso, o Governo britânico passou também a recomendar que as pessoas trabalhem a partir de casa, se puderem, e suspendeu o regresso de público a grandes eventos desportivos, previsto para outubro, entre outras medidas. Aquando do anúncio, o primeiro-ministro avisou que estas medidas poderão permanecer até à primavera de 2021 e ser reforçadas se necessário. “A não ser que façamos progressos visíveis, assumimos que as restrições que anunciei vão ficar em vigor durante pelo menos seis meses”, sinalizou, numa declaração no Parlamento britânico, citado pela Lusa.

Itália foi epicentro na pandemia na primeira vaga. E agora?

Se no início da pandemia, Itália foi considerada o epicentro da pandemia na Europa, agora tem conseguido travar de forma mais eficaz uma segunda vaga. Ainda assim, todos os cuidados são poucos, por isso, o Governo italiano prolongou a obrigação de utilização de máscaras em espaços fechados, como lojas, restaurantes ou transportes públicos e ao ar livre entre as 18h00 e as 6h00.

Além disso, o país também prorrogou as restrições à chegada de pessoas de outros países, como a obrigação de fazer testes ao vírus, além de manter o encerramento de discotecas e proibir a participação em grandes eventos ou estádios para assistir, por exemplo, a jogos de futebol.

Bélgica aposta em estratégia de longo prazo

Ao contrário do que está a acontecer noutros países da Europa, a Bélgica decidiu relaxar as restrições, apostando numa estratégia de longo prazo. A partir de 1 de outubro, o uso obrigatório de máscara na rua em Bruxelas deixa de ser obrigatório, embora seja “fortemente recomendado” pelo Governo. Nesse sentido, a máscara passa a ser obrigatória apenas em locais públicos fechados, como transportes públicos e áreas comerciais.

A primeira-ministra belga justificou a decisão com a necessidade de “a vida ter de continuar”. “É inútil tornar as máscaras obrigatórias a qualquer hora, em qualquer lugar”, frisou Sophie Wilmès, citada pelo The Brussels Times (acesso livre, conteúdo em inglês). Além disso, foi determinada a redução do tempo de quarentena. Assim, as pessoas que tiveram contacto com uma pessoa infetada só terão que ficar em quarentena durante sete dias, ao invés dos habituais 14 dias.

Quanto aos eventos com público, o limite permanece nas 200 pessoas para eventos indoor e 400 para outdoor. Estão ainda proibidos ajuntamentos de mais de dez pessoas na rua, sendo que este limite funciona também para encontros a nível pessoal. Ao passo, que os eventos organizados a nível profissional seguem as mesmas regras da indústria da hospitalidade, isto é, não há limite máximo de participantes, estando este dependente da capacidade dos espaços.

Áustria recua e decreta uso obrigatório de máscaras em lojas e edifícios públicos

Depois de ter dado um passo atrás no final de julho que levou a que as máscaras voltassem a ser obrigatórias nos supermercados, bancos e postos de correio, a Áustria voltou a rever as restrições. Assim, o Governo austríaco decretou o uso obrigatório de máscara também em lojas e edifícios públicos. O Executivo pediu ainda à população que respeite as novas medidas e mantenha o distanciamento social, para evitar um novo confinamento, admitindo novas medidas se o número de casos continuar a aumentar.

Bares e restaurantes com horário reduzido na República Checa

Considerado um dos países europeus com maior crescimento da pandemia e com os números de novas infeções a serem batidos apenas por Espanha, a República Checa decidiu apertar o cinto e anunciar novas restrições. Assim a partir de dia 18 de setembro, os bares e restaurantes passaram a fechar à meia-noite e nas escolas os alunos do 5.º ano em diante passaram a usar máscara dentro e fora da sala de aula.

Ao mesmo tempo, os eventos coletivos em espaços fechados só podem receber dez pessoas em pé, com exceção de exposições e feiras. O Governo checo pediu também à população que evite esses eventos, mesmo que por lei não estejam proibidos.

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