Vaticano usou dinheiro para a caridade em dívida da falida Hertz

Parte dos 528 milhões de euros da carteira de investimentos financiada com dinheiro que foi doado por fiéis da Igreja Católica para ajudar os mais desfavorecidos estava aplicada em títulos da Hertz.

O Vaticano utilizou doações de fiéis para a caridade para investir em derivados de crédito da Hertz, empresa de aluguer de automóveis americana que entrou em processo de falência, revelam os documentos consultados pelo Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Em 2018, o Papa Francisco tinha alertado que os “credit default swaps” (CDS) “encorajaram o crescimento de um financiamento do acaso e a aposta no fracasso de outros, o que é inaceitável do ponto de vista ético”. Segundo o Santo Padre os instrumentos eram “uma bomba-relógio”.

Contudo, três anos antes, parte dos 528 milhões de euros da carteira de investimentos financiada com dinheiro que foi doado por fiéis para ajudar os mais desfavorecidos estava aplicada em CDS da companhia norte-americana de rent-a-car como parte do compromisso de que a Hertz não iria deixar de honrar de honrar as suas dívidas até abril de 2020, revelam os documentos obtidos pelo FT.

Estes investimentos foram realizados sob supervisão do cardeal Giovanni Angelo Becci, que foi destituído pelo Papa Francisco no mês passado. Este dinheiro terá sido investido em nome da Secretaria de Estado do Vaticano, o, poderoso escritório da administração central da Santa Sé, onde o cardeal Becciu foi o segundo comando entre 2011 e 2018. De acordo com o jornal, não existem evidências de que o Papa Francisco esteja a par destes investimentos.

Ao fim de mais de um século de existência, a empresa de rent-a-car declarou falência nos EUA e Canadá devido ao facto de a pandemia ter provocado um impacto “repentino e dramático” na procura por carros para alugar.

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