Lagarde alerta que a “recuperação da economia do euro perdeu força mais rápido que o esperado”

Banco Central Europeu sinalizou que vai ajustar estímulos monetários após rever projeções económicas, em dezembro. "Esta recalibração vai tocar todos os instrumentos", garante a presidente.

O Banco Central Europeu (BCE) está mais preocupado com o impacto da segunda vaga de Covid-19 na economia europeia. A instituição liderada por Christine Lagarde prepara-se para reavaliar, em dezembro, os estímulos monetários consoante o nível de desaceleração da retoma. A presidente garante que todos os instrumentos vão ser revistos para melhorar a resposta conjunta.

“O ressurgimento de infeções com coronavírus apresenta renovados desafios para a saúde pública e para as perspetivas de crescimento das economias da Zona Euro e do mundo. A informação que fomos recebendo sinaliza que a recuperação da economia está a perder força mais rapidamente do que esperado, após uma rápida, apesar de parcialmente desigual, recuperação da atividade económica durante os meses de verão”, disse Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho de Governadores, esta quinta-feira.

A presidente lembrou que, após um tombo em cadeia de 11,8% do PIB no segundo trimestre do ano, houve uma “forte recuperação” no trimestre seguinte. No entanto, o agravamento do número de casos na Europa está novamente a afetar a economia.

No final do encontro, o Conselho de Governadores tinha já emitido um comunicado em que dizia estar à espera das novas projeções económicas do staff do BCE, em dezembro, para fazer ajustamentos nos estímulos atuais. Atualmente, a estimativa é que a recessão na Zona Euro seja de 8% este ano, antes de um crescimento de 5% em 2021 e 3,2% no ano seguinte.

 

A perspetiva dos analistas é que haja um reforço do envelope com mais 500 mil milhões de euros para a compra de dívida. Qualquer que seja o montante irá juntar-se aos 1,35 biliões de euros do programa de compras de emergência pandémica (PEPP), mas também ao programa que já decorria com a compra de 20 mil milhões de euros em dívida por mês e que foi reforçado com um envelope adicional de 120 mil milhões a ser usado até ao final do ano.

Esta recalibração vai tocar todos os instrumentos e a forma como interagem entre si para garantir que se mantêm condições de financiamento que ajudem à recuperação da economia. Vamos olhar para tudo. Mas, até lá, não vamos ficar parados. Vamos usar todos os instrumentos que temos com toda a flexibilidade. Fizemo-lo antes, na primeira vaga, e faremos novamente na segunda vaga”, garantiu Lagarde.

Apesar das preocupações com a economia reveladas pelo BCE, os investidores focaram a promessa de estímulos. As bolsas europeias inverteram a tendência de queda e começaram a negociar no verde, com ganhos ligeiros. Na dívida, as yields recuam, com a taxa de Portugal a 10 anos a tocar os 0,111%, no valor mais baixo desde agosto de 2019.

A presidente do BCE sublinhou que a decisão de reconhecer o “enviesamento claramente, claramente, negativo do equilíbrio de riscos” foi tomada de forma unânime pelos decisores políticos no Conselho de Governadores, onde se inclui o governador do Banco de Portugal Mário Centeno. A instituição responsável pela moeda única prometeu igualmente apoiar os bancos para minimizar o impacto no setor.

Além das medidas o BCE que está a implementar, Lagarde falou do “esforço duplo” entre políticas monetárias e orçamentais. Sublinhou o papel “chave” dos fundos europeus do NextGenerationEU, sublinhando a importância de este financiamento “ficar operacional sem demoras” para “contribuir para uma retoma mais rápida, forte e uniforme” da economia da Zona Euro.

(Notícia atualizada às 14h20)

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