Malparado continua a cair, mas banca está menos rentável na pandemia
Depósitos caíram, enquanto o stock de empréstimos manteve os níveis. No entanto, as imparidades para crédito e a redução dos resultados com operações financeiras penalizaram a rendibilidade.
Com as moratórias a servirem de amortecedor, o impacto do malparado ainda não é uma preocupação para os bancos portugueses. Pelo contrário, o peso do crédito em incumprimento diminuiu entre julho e setembro, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal. No entanto, a pandemia não está a passar ao lado do setor, que está a ficar menos rentável.
“No terceiro trimestre de 2020, o rácio de empréstimos não produtivos (NPL na sigla inglesa) diminuiu 0,2 pontos percentuais, para 5,3%, refletindo uma diminuição dos NPL (-4,9%) superior à dos empréstimos em denominador (-1,0%)”, explica o relatório Sistema Bancário Português: desenvolvimentos recentes. Ou seja, foi a redução do malparado e não a quebra no crédito concedido a causar a descida. “O rácio de NPL líquido situou-se em 2,3% (-0,3 pp)”, diz.
Enquanto os créditos em incumprimento de empresas e famílias estão a ajudar a diminuir as coberturas por imparidades (que penalizam as contas dos bancos), as instituições de crédito estão a pressionar em sentido contrário. O rácio de cobertura dos NPL por imparidades aumentou 2,8 pontos percentuais, para 55,9%, reflexo sobretudo da redução dos NPL das empresas e do aumento das imparidades em empréstimos a instituições de crédito. “A redução das imparidades acumuladas nos segmentos de SNF [sociedades não financeiras] e particulares atenuaram o aumento do rácio de cobertura”.
No terceiro trimestre de 2020, o ativo total do setor bancário português diminuiu 0,4%, devido, principalmente, à redução das disponibilidades em bancos centrais (-9,7%). O financiamento obtido junto de bancos centrais aumentou 1,3%, passando a representar 7,8% do ativo (mais 0,1 pontos percentuais).
Rácios de non-performing loans
O rácio de transformação — que mede a relação entre o dinheiro emprestado e os depósitos dos clientes — aumentou 0,6 pontos percentuais para 85,2%, “refletindo a diminuição dos depósitos de clientes (-0,6%)”. Os empréstimos a clientes mantiveram-se estáveis. O negócio dos bancos alterou-se desde o início da pandemia não só devido a políticas de mitigação do impacto da pandemia (como as moratórias ou as linhas de crédito bonificadas), mas também pela mudança de hábitos dos clientes, o que se reflete na rentabilidade.
Nos três primeiros trimestres de 2020, a rendibilidade do ativo (ROA) situou-se em 0,15%, o que representa uma quebra de 0,43 pontos percentuais face ao período homólogo. A rendibilidade do capital próprio (ROE) diminuiu 4,6 pontos percentuais, para 1,7%. “A redução do ROA refletiu o aumento significativo das imparidades para crédito e, em menor grau, a redução dos resultados com operações financeiras“, explica o supervisor liderado por Mário Centeno.
O custo do risco de crédito aumentou 0,49 pontos percentuais face ao período homólogo, situando-se em 1,0%. “Esta evolução está associada ao impacto da pandemia de Covid-19“, sublinha. O rácio cost-to-income aumentou 1 ponto percentual em termos homólogos, para 58,1%. “Esta evolução resultou de uma diminuição do produto bancário (-6,9%) superior à redução dos custos operacionais (-5,2%)”, acrescenta o Banco de Portugal.
(Notícia atualizada às 11h35)
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