Menos carros, aviões e petróleo levam a queda das importações. Balança comercial melhora 32% em 2020

As importações de bens afundaram 16% até novembro, levando o saldo comercial a recuar a 2016. Foram importados menos carros, aviões e petróleo. Quedas maiores de Espanha, França e Alemanha.

Até novembro, Portugal comprou menos 11,8 mil milhões de euros em bens a outros países, o que significa que as importações encolheram 16% desde janeiro, face a 2019. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que houve menos carros, aviões e petróleo a chegar ao território nacional, principalmente vindos da Alemanha, França e Espanha. Apesar de se manter negativo, o défice comercial está a caminho do melhor ano desde 2016.

Os números da economia portuguesa mostram que a pandemia levou a uma redução do consumo privado, tanto de bens como de serviços. No caso dos serviços, já é conhecida a quebra abrupta do turismo, ainda mais forte do que a dos bens. No caso dos bens, as exportações acumularam até novembro uma queda de 10,5% (-5,8 mil milhões de euros), inferior à quebra de 16% das importações. Estes dados sugerem que a quebra do consumo em Portugal foi superior à dos países clientes das exportações portuguesas, o que é confirmado pelas previsões mais pessimistas para Portugal do que para a média da Zona Euro.

A outra face da moeda dessa evolução é que o défice comercial de bens, que cresceu significativamente nos últimos quatro anos de crescimento do PIB, baixou 32% (menos 6 mil milhões de euros) face ao acumulado até novembro de 2019 — para comparação, em 2012, o pior ano da crise anterior, o défice comercial baixou 34%. O défice comercial de bens está nos 12,6 mil milhões de euros, caminhando para um mínimo desde 2016, antes dos anos de maior crescimento da economia portuguesa nesta década.

Portugal importou menos carros, aviões e petróleo

Os dados do INE sobre as importações de bens de janeiro a novembro de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, mostram que a queda foi provocada pela menor importações de veículos automáticos, outro material de transporte (aviões, principalmente) e de petróleo bruto e refinado.

No caso dos carros, a queda foi de 26%, o equivalente a 2,15 mil milhões de euros; no caso dos aviões, a queda foi de 60%, o equivalente a 2,2 mil milhões de euros; no caso do petróleo bruto e refinado, a queda é de 50%, o equivalente a 2,7 mil milhões de euros. Ao todo, estas três categorias explicam 60% da redução das importações portuguesas.

Houve poucas exceções: as importações de produtos farmacêuticos e preparações farmacêuticas de base — provavelmente por causa da pandemia –, de produtos da agricultura e da produção animal e de serviços de recolha, tratamento e deposição de resíduos aumentaram em 2020, face ao ano anterior.

Maiores quedas registadas em Espanha, França e Alemanha

As maiores quedas das importações registam-se nos principais fornecedores de Portugal: Espanha, França e Alemanha. Os produtos espanhóis registaram uma queda de 10,2%, menos 2,28 mil milhões de euros enquanto os produtos alemães — muito influenciado pelos carros importados — desceram 14,9%, menos 1,46 mil milhões de euros.

Mas a maior queda foi a de França: 37,9%, menos 2,8 mil milhões de euros. Esta queda é justificada pelo aumento excecional que houve nos últimos anos, principalmente em 2019, das importações de aviões da Airbus para a TAP, o que levou a transportadora aérea para o segundo lugar das maiores empresas importadoras em Portugal, sendo que em 2016 nem figurava no ranking. Contudo, a pandemia obrigou a uma reversão desse programa de expansão e até à alienação de aeronaves, levando a uma queda abrupta nas importações com origem francesa.

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