Testes à Covid disparam em janeiro. Metade dos PCR são feitos no privado
Dados cedidos ao ECO revelam, que em janeiro, Portugal realizou mais de 1,6 milhões de testes à Covid, ou seja cerca de 22% dos exames realizados desde março. Metade dos PCR foram feitos no privado.
Com os casos de infeção a dispararem, aumentaram também os testes de despiste ao novo coronavírus. Só em janeiro, Portugal realizou mais de 1,6 milhões de testes à Covid-19, incluindo PCR e testes rápidos, o que representa cerca de 22% dos exames realizados desde o início da pandemia, segundo os dados cedidos pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ao ECO. Metade dos testes PCR realizados no país foram feitos em laboratórios privados.
Desde o início da pandemia e até 31 de janeiro, foram realizados em Portugal mais de 7,3 milhões de testes à Covid-19, entre testes moleculares PCR e testes rápidos de antigénio, que conferem uma fiabilidade menor face aos primeiros, mas, em contrapartida, proporcionam resultados mais rápidos. No que toca especificamente aos testes PRC, metade foram realizados em laboratórios privados (50%), 40% no Serviço Nacional de Saúde e os restantes 10% em academia, revela o INSA.
Nunca foram realizados tantos testes de despiste como no último mês. Só em janeiro deste ano, o número de testes realizados ultrapassou os 1,6 milhões. Contas feitas, esta fatia representa já “cerca de 22% do total de testes realizados em 11 meses”, salienta o instituto responsável por coordenar a Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do SARS-CoV-2, atualmente constituída por 142 laboratórios.
Com o agravamento da pandemia a testagem em Portugal tem vindo a aumentar, tal como já tinha sido mencionado por Cristina Abreu Santos, vogal do conselho diretivo do INSA, na comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia, a 29 de janeiro. Se no pico da primeira vaga, em abril de 2020, Portugal realizava, em média, de 12 mil testes por dia, a verdade é que este número tem vindo a aumentar, pelo menos, nos últimos cinco meses.
Em setembro de 2020, a média de testes realizados por dia em Portugal foi de 19.000, em outubro 27.000, em novembro 37.000, em dezembro cerca de 34.000 e em janeiro mais de 52.000 por dia. Ou seja, só neste último mês foram feitos quase cinco vezes mais testes por dia do que em abril do ano passado, o que coloca Portugal na 5.º posição relativamente à quantidade de testes realizados por milhão de habitantes da União Europeia — apenas ultrapassado pelo Luxemburgo, Dinamarca, Malta e Chipre — e em 25º lugar a nível mundial, de acordo com os dados do site WorldOMeter da passada sexta-feira.
Numa análise mais fina, o INSA constata ainda que só na terceira semana de janeiro, foram realizados quase 450 mil testes de despiste à doença, ou seja um acréscimo de cerca de 60% face ao anterior recorde atingido na semana de 16 a 22 de novembro de 2020, período em que foram feitos 286.993 testes.
Capacidade de testagem pode aumentar
Na sequência do disparo de casos de infeção por Covid-19 depois da quadra natalícia, vários especialistas vieram alertar para a necessidade de aumentar a capacidade de testagem, por forma a quebrar as cadeias de transmissão e, consequentemente, não existir um descontrolo da pandemia. A partir do momento em que Portugal passou os 10 mil casos diários e estagnou por quatro dias consecutivos nessa fasquia, entre 13 a 17 de janeiro, os alarmes soaram e alguns peritos da área da saúde vieram alertar para o facto de o país ter atingido a máxima capacidade de testagem e que esta estabilidade poderia ser, afinal, ilusória, já que poderiam existir mais casos não detetados, tal como apontou Manuel Carmo Gomes, ao Público.
Nesse contexto, tanto o INSA como os principais laboratórios privados vieram desdobram-se em justificações, referindo que a capacidade nunca esteve em causa e que ainda havia margem de manobra para a aumentar. Ao Eco, o instituto volta a reiterar este aspeto, sublinhando que a capacidade de testagem “situa-se, atualmente, em cerca de 60 mil testes diários, o que não significa que seja esta a capacidade máxima possível de testagem do país“, acrescentando que os diversos laboratórios “têm a possibilidade de escalar a resposta”, quer através do reforço de recursos humanos, quer alargando o horário de funcionamento dos laboratórios “se necessário”, conclui.
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