Olimpíadas de Tóquio: Seguradoras arriscam prejuízo recorde
Adiado devido à pandemia, o COI reafirma que Tokyo 2020 é para este ano. A menos de 6 meses das Olimpíadas, o cancelamento do evento representaria perda recorde para as seguradoras.
As seguradoras arriscam um prejuízo global entre dois mil milhões e os 3 mil milhões de dólares, um valor médio superior a 2000 milhões de euros, caso os Jogos Olímpicos de Tóquio (JO Tóquio) sejam cancelados este ano.
Tokyo 2020, designação que a nação anfitriã e o COI mantêm desde o adiamento decidido em março de 2020 por causa da pandemia de Covid-19, tinha um custo global inicial a rondar 13 mil milhões de dólares (cerca de 10,8 mil milhões de euros). Deste montante, o Comité Organizador dos JO Tóquio deveria cobrir 5,8 mil milhões de dólares, o Governo Metropolitano de Tóquio 5,7 mil milhões de dólares e o Governo japonês os restantes 1,4 mil milhões de dólares.
Com o adiamento dos Jogos, o orçamento foi revisto também para integrar gastos com prevenção sanitária relacionada com o novo coronavírus, o custo do evento foi recalculado em dezembro de 2020 para 15,9 mil milhões de dólares (1,64 biliões de ienes ou cerca de 12,9 mil milhões de euros). Estes valores, que incluem 1000 milhões só de gastos relacionados com medidas anti covid-19, fazem de Tokyo 2020 os Jogos mais caros de sempre.
Após a revisão de custos, as perdas potenciais das seguradoras em caso de cancelamento – o evento não pode ser adiado uma segunda vez -, podem representar também o maior sinistro de sempre no histórico global de cancelamento de eventos.
COI reafirma realização de Tokyo 2020
No entanto, a realização das Olimpíadas de Tóquio em 2021 é questão irredutível para a organização e para o Comité Olímpico Internacional (COI) que, após ter ouvido os 206 Comités nacionais, confirmou o compromisso e a “determinação” em realizar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (Tokyo 2020), segundo assumiu Thomas Bach, presidente do COI.
Afirmando compromisso total dos membros do COI, dos elementos do comité executivo do organismo desportivo e o apoio do governo nipónico, Bach adiantou, a 22 de janeiro, que existe uma “verdadeira determinação” em fazer os Jogos: “A nossa primeira prioridade é assegurar uns Jogos Olímpicos seguros e protegidos para cada um dos participantes”. Não existe qualquer plano B, assegurou o dirigente do organismo internacional. Enquanto o mundo luta contra a pandemia, ninguém tem certezas do que acontecerá com cada uma das mais de 200 delegações, mas o COI luta pelos interesses dos cerca de 11 mil atletas que não deixaram de se preparar para Tokyo 2020, reiterou a organização.
Segundo pesquisas recentes, dada a situação pandémica global, a hipótese de realização dos JO Tóquio perdeu apoio entre os japoneses. Sondagens locais indicam que, por causa da Covid-19, mais de metade dos nipónicos está contra a ideia de que os Jogos se realizam este ano no Japão.
Os cenários equacionados sobre o potencial fracasso económico são diversos: sem público, ou seja com as competições a decorrerem com os recintos desportivos sem espetadores nas bancadas, a receita prevista para os Olímpicos e Paraolímpicos seria inferior em 3,7 mil milhões de dólares. Sem contar com os gastos das “despesas de bolso” dos visitantes, as perdas no setor de turismo e outros eventos associados aos Jogos poderiam ultrapassar os 23 mil milhões de dólares.
No pior cenário, cancelar os JO representaria perdas superiores a 44 mil milhões de dólares, enquanto o decréscimo de 50% no número de turistas visitantes significaria prejuízo a rondar 13,5 mil milhões, estima Katsuhiro Miyamoto, docente académico de Teoria Económica na Universidade de Kansai, no Japão.
Patrocinadores reforçam apoio financeiro
Há algumas semanas, o Comité Organizador de Tokyo 2020 alcançou acordo de princípio com os 68 patrocinadores do evento, para concessão de apoio adicional e prorrogação dos contratos de patrocínio. Em conferência de imprensa, Yoshiro Mori, presidente do Comité organizador referiu que as empresas patrocinadoras, entre as quais estão companhias áreas japonesas (Japan Airlines e All Nippon Airways), grandes operadores turísticos (JTB Corp) e de publicidade (Dentsu), assumiram estar em situação menos confortável devido à crise pandémica, mas acordaram um apoio financeiro adicional de 212 milhões de dólares.
De acordo com analistas da Jefferies, os JO de Tóquio estão segurados por cerca de 2 mil milhões de dólares, mais 600 milhões de dólares adicionais por parte dos operadores da hotelaria. Números recolhidos pela agência Reuters referem que o COI gasta aproximadamente 800 milhões de dólares em seguros para cada edição das Olimpíadas de verão uma parcela que representa mais de metade do investimento que o Comité Olímpico Internacional costuma fazer a favor da cidade anfitriã.
Além disso, o Comité organizador em Tóquio terá contratado outra apólice, estimada em cerca de 650 milhões de dólares, ao que acrescem coberturas contratadas pelos grandes operadores de radiodifusão que cobrem o evento.
Risco de cancelamento
Segundo Gajuki Ito, responsável financeiro do Comité Organizador, as seguradoras estariam disponíveis para transferir 500 milhões compensando incremento de custos resultante do adiamento. Mas, em caso de cancelamento dos Jogos, o prejuízo das seguradoras pode ascender a um montante situado entre 2 000 mil milhões e os 3 000 mil milhões de dólares, estimou.
Dado que o evento não pode voltar a ser adiado e face à incerteza decorrente do contexto de pandemia, o risco de cancelamento pode materializar-se e representar também o maior sinistro de sempre para o setor sgeurador no histórico global de cancelamento de eventos.
Em março de 2020, a Swiss Re, líder global da indústria resseguradora, estimou que, em caso de cancelamento, a sua exposição a Tokyo 2020 significaria – no ano passado – uma perda potencial a rondar os 250 milhões de dólares.
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