Vereador da Câmara Municipal de Lisboa vacinado com sobras de lares demitiu-se

Com esta demissão, o pelouro da Proteção Civil vai passar a ser assumido pelo vereador Miguel Gaspar.

O vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML) Carlos Manuel Castro, que se viu envolvido numa polémica de vacinação contra a Covid-19 com as sobras das doses que eram destinadas a lares, demitiu-se. O pelouro da Proteção Civil, que ocupava, vai passar a ser assumido pelo vereador Miguel Gaspar.

“O vereador Carlos Manuel Castro apresentou hoje, 16 de fevereiro, o seu pedido de renúncia ao cargo, pedido que foi de imediato aceite pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa”, lê-se no comunicado da CML. “Serão remetidos às autoridades competentes todos os elementos apurados relativos à participação da Proteção Civil no processo de vacinação dos lares para avaliação externa e independente dos mesmos”, continuam.

Este vereador da Câmara de Lisboa, a diretora do departamento de Higiene Urbana e elementos da Polícia Municipal e do Regimento de Sapadores Bombeiros foram vacinados contra a Covid-19 com as sobras das vacinas que estavam destinadas aos lares de Lisboa, segundo avançaram a Sábado e o Público, na semana passada.

“O presidente da Câmara Municipal reitera a confiança no comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros, no comandante da Polícia Municipal e na diretora municipal da Higiene Urbana, cuja vacinação decorreu por determinação de superior hierárquico e na convicção do cumprimento de todas as normas“, adianta ainda o comunicado.

O município tinha também explicado, na semana passada, que sobraram 126 doses da primeira toma da vacina, devido a “circunstâncias só conhecidas ao longo do próprio dia de vacinação que impedem a vacinação da pessoa prevista”. Foram por isso administradas doses a elementos das equipas envolvidas na operação de vacinação nos lares: 15 enfermeiros e oito elementos da Proteção Civil municipal, entre os quais o vereador Carlos Castro, e três elementos do departamento de Higiene Urbana.

Vereador justifica demissão com “mal-estar” provocado

O vereador demissionário da Proteção Civil da Câmara de Lisboa justificou esta terça-feira a decisão com o “mal-estar” provocado na autarquia depois ter sido vacinado, considerando, assim, que não estavam reunidas as condições para continuar no cargo. Carlos Castro enviou uma carta ao presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), renunciando ao cargo de vereador de Proteção Civil, “pedido que foi de imediato aceite”.

O facto de o autarca ter sido vacinado com uma das 126 vacinas que sobraram do processo de vacinação dos lares da cidade, assim como os comandantes do Regimento de Sapadores Bombeiros e da Polícia Municipal e a Diretora Municipal da Higiene Urbana, provocou “mal-estar em vários serviços do município”, escreve na carta endereçada a Medina, divulgada na sua página da rede social Facebook.

“Por não querer que os serviços municipais percam o seu foco, porque ainda estamos num árduo combate, e não quero contribuir para uma situação de instabilidade interna, verifico não estarem reunidas as condições para permanecer em funções e, por isso, apresento a minha renúncia ao cargo”, afirma Carlos Castro.

O vereador demissionário salienta que “nunca quis beneficiar de nada, nem prejudicar ninguém”, reforçando que a sobra que lhe foi administrada foi “validada por um delegado de saúde”. “As vacinas que foram administradas, sobras dos lares vacinados, foram, de facto, aplicadas a pessoas que estavam, e estão, desde o primeiro momento, ou seja, desde março de 2020, na linha da frente de combate à pandemia”, defende.

“Estou inteiramente disponível para prestar todas as declarações às autoridades competentes de um trabalho que partilhei com dezenas de elementos da saúde da cidade, além de centenas de pessoas de outras instituições que diretamente contribuem para a resposta do dispositivo da cidade”, acrescenta.

Carlos Castro recorda que o plano de vacinação contra a covid-19 na cidade foi coordenado e implementado no terreno por si, e que acompanhou “os primeiros dias de trabalho” na presença dos dirigentes da Higiene Urbana, Polícia Municipal e Bombeiros. “Não houve nenhuma pessoa de um lar da cidade, utente ou profissional, a quem ficou por dar uma vacina”, destaca.

(Notícia atualizada às 17h45)

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