Lucros da Jerónimo Martins caem 20%. Paga dividendo de 28,8 cêntimos

A dona da Biedronka e do Pingo Doce viu o resultado líquido em 2020 cair 19,9%, para 312 milhões de euros. Vai pagar um dividendo de 28,8 cêntimos aos acionistas.

Os lucros da Jerónimo Martins caíram 19,9% em 2020, para 312 milhões de euros. Apesar de as vendas terem aumentado 3,5%, cifrando-se em 19,3 mil milhões de euros, a empresa foi forçada a um “investimento acrescido em margem para mitigar o impacto das restrições introduzidas” para controlar a pandemia.

Numa nota submetida à CMVM, a administração diz propor, ainda assim, o pagamento de um dividendo bruto de 28,8 cêntimos por ação, exceto ações próprias em carteira, num montante total de 181 milhões de euros (payout de 50%). O grupo diz-se “bem preparado” para mais um ano de “desafios”, mantendo uma “inquestionável solidez de balanço”.

“A proposta de distribuição de dividendos permite ao grupo preservar total flexibilidade para acelerar os seus planos de expansão e aproveitar qualquer potencial oportunidade de crescimento não orgânico, mantendo, em simultâneo, um balanço forte”, lê-se no relatório anual divulgado esta terça-feira.

Na habitual nota a acompanhar as contas, o presidente e administrador delegado, Pedro Soares dos Santos, afirma que, depois de um “ano marcado por uma exigência sem precedentes”, o grupo “registou um sólido desempenho operacional e reforçou o seu balanço”. “Entrámos em 2021 com a confiança renovada na capacidade de cada insígnia antecipar os impactos da crise pandémica que continua, e continuará, a marcar o contexto operacional, com maior intensidade na primeira metade do ano”, acrescenta.

Os resultados consolidados da empresa mostram que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 1% no ano, para 1.423 milhões de euros. A margem fixou-se em 7,4%, uma redução de 0,3 pontos percentuais: “O desempenho da margem incorpora o impacto negativo da desalavancagem operacional dos negócios, que registaram uma pressão acrescida sobre o desempenho das vendas e o aumento dos custos diretos incorridos pelas insígnias no contexto da pandemia e que se estimam em cerca de 41 milhões de euros”, explica a Jerónimo Martins.

Resultados anuais consolidados da Jerónimo Martins

Fonte: Relatório e contas da Jerónimo Martins

Pingo Doce esteve “particularmente exposto”

No plano das receitas, as vendas e prestação de serviços cresceram 3,5% no ano da pandemia e cifraram-se em 19.293 milhões de euros. Analisando por marcas de retalho, na Polónia, a Biedronka cresceu 6,7% em vendas, para 13,5 mil milhões de euros. “O consumo tornou-se mais contido com o início da crise pandémica, tendo, no entanto, revelado um certo nível de resiliência e continuado a reagir a propostas comerciais atrativas e que aliam o bom preço à qualidade”, destaca a retalhista.

Em Portugal, no entanto, as vendas do Pingo Doce reduziram-se 1,9%, para 3,9 mil milhões de euros. A retalhista explica que a insígnia “esteve particularmente” exposta “à redução da circulação de pessoas, quer pelo seu histórico de elevada densidade de vendas e número de visitas, quer pelo impacto que a ausência de tráfego tem nos restaurantes, cafés e na categoria de take-away da insígnia, a que se juntou, a partir de novembro, o encerramento das lojas nas tardes dos dias de fim de semana”.

“Fiel à decisão estratégica de proteger a sua proposta de valor independentemente das circunstâncias, a companhia investiu em atividade comercial e em comunicação ao longo do ano, aumentando progressivamente a sua capacidade de mitigação dos impactos sobre as vendas resultantes das medidas de confinamento”, destaca a Jerónimo Martins. Porém, a empresa diz reconhecer a “situação económica frágil de muitas famílias”, pelo que “manteve a forte dinâmica promocional”.

No plano das despesas, os custos operacionais da Jerónimo Martins também subiram em 2020: aumentaram 6,3%, para 2,8 mil milhões de euros. Quanto à dívida, a Jerónimo Martins chegou a 31 de dezembro de 2020 com uma dívida líquida de 509 milhões de euros, um agravamento face aos 196 milhões registados no mesmo dia de 2019.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h56)

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