Biden limita cheques às famílias para conseguir apoio dos democratas conservadores

  • Lusa
  • 4 Março 2021

Algumas pessoas que receberam cheques de 600 dólares entregues em dezembro não recebem nada desta vez, ao abrigo da proposta a apresentar no Senado, cuja discussão terá início esta quinta-feira.

Com o partido republicano unido contra o seu pacote de estímulo económico, a Administração Biden restringiu o acesso a algumas medidas para assegurar o apoio de legisladores democratas mais conservadores.

Os pagamentos diretos à população (ou “cheques”) — medida mais dispendiosa do pacote de estímulo de 1.900 milhões de dólares (1.580 milhões de euros) para relançar a economia pós-pandemia de covid-19 — ficará restrito a indivíduos com rendimentos anuais inferiores a 80 mil dólares, ou 160 mil dólares para casais, acordaram esta quarta-feira o presidente Joe Biden e legisladores democratas, segundo a AP.

Tal significa que algumas pessoas que receberam cheques de 600 dólares entregues em dezembro não recebem nada desta vez, ao abrigo da proposta a apresentar perante o Senado, cuja discussão poderá ter início já na quinta-feira.

Em relação à proposta já aprovada na Câmara dos Representantes, a agora revista mantém o pagamento de subsídio de desemprego de emergência no valor de 400 dólares por semana, considerada desincentivadora do regresso ao trabalho por senadores republicanos e também por alguns democratas.

Um dos mais céticos senadores democratas, Joe Manchin, disse hoje que irá apoiar a proposta, enquanto setores mais esquerdistas criticaram as novas alterações, caso do representante Mark Pocan, que apelidou de “pateta e estúpido” o esforço para incluir “uma ou duas pessoas”. “Esperemos que não estraguem muitas coisas. Precisamos de fazer isto”, adiantou.

Os pagamentos diretos representam uma despesa de 422 mil milhões de dólares, a maior fatia do pacote de estímulo, que inclui ainda financiamento a governos estatais e municipais, vacinas e testagem para a covid-19, subsídios para escolas e unidades de saúde e ainda benefícios fiscais para os trabalhadores com mais baixos rendimentos e dependentes.

Com os lugares no Senado repartidos igualmente entre os dois partidos (50-50), o voto de desempate pertence à vice-presidente Kamala Harris. Os republicanos apresentam uma frente unida contra a aprovação, e o líder do partido no Senado apelou a um voto unânime de todos os senadores, alguns dos quais têm estado abertos a ouvir as propostas democratas.

É o caso de Lisa Murkowski, eleita pelo Alaska, que afirmou esta quarta-feira que a indústria do Turismo do seu Estado foi devastada pela pandemia, e que tem mantido contactos com a Administração sobre como o pacote de estímulo “pode ajudar” a ultrapassar a situação.

Os democratas pretendem iniciar a discussão da legislação já esta quinta-feira, de modo a que entre em vigor antes de expirarem a 14 de março as medidas de estímulo em vigor, mas os republicanos, que criticam a forma de aprovação da legislação, têm vindo a atrasar o processo. Caso seja aprovada no Senado, a proposta terá ainda de ser sujeita a aprovação na Câmara dos Representantes, antes de ser remetida ao presidente para promulgação.

Na madrugada de 27 de fevereiro, a Câmara dos Representantes aprovou o novo pacote de estímulo, com 219 votos a favor – todos democratas – e 212 contra – os republicanos em bloco e dois democratas. Este será o terceiro pacote de estímulo em menos de um ano, para estancar a queda do emprego e sustentar um tecido económico que dá sinais de rutura em vários setores.

O Governo de Donald Trump já tinha enviado cheques de cerca de mil euros (na primavera passada) e de cerca de 500 euros (em dezembro), mas nas últimas semanas aumentou a pressão pública para repetir o gesto de injetar diretamente dinheiro na economia, através do fomento ao consumo.

O plano democrata inclui também 350 mil milhões de dólares (cerca de 290 mil milhões de euros) para o poder local, 246 mil milhões de dólares (cerca de 200 mil milhões de euros) para assistência adicional aos 11 milhões de desempregados de longa duração detetados pelas agências federais. Um dos principais pontos de discórdia entre os democratas foi a inclusão, no projeto de lei, de uma subida do salário mínimo federal dos atuais 7,25 dólares à hora para 15 dólares à hora até 2025, uma das promessas eleitorais de Joe Biden.

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