Há menos casos em Portugal, mas também são feitos menos testes

O decréscimo do número de testes deve-se ao confinamento. A taxa de positividade também caiu. Por cada 100 testes realizados mais de 19 eram positivos em janeiro, valor que desceu para cerca de 3.

O número de novos casos em Portugal tem descido acentuadamente. Apesar das oscilações diárias, a média de novos casos na semana que passou é bastante inferior à média de novos casos do pico em janeiro. Mas à semelhança das novas infeções, também o número de amostras recolhidas é menor.

Se no final de janeiro éramos o pior país da Europa e do mundo a nível de novas infeções por 100.000 habitantes, no final de fevereiro a história era completamente diferente. Quase que fazia jus ao “milagre português” do primeiro confinamento. Mas os testes feitos são os mesmos? Não.

Nos últimos sete dias para os quais há dados disponíveis (isto é, de 25 de fevereiro a 3 de março – quinta a quarta-feira), a média de testes diários foi cerca de 25.583 testes. O ECO comparou estes sete dias, com os sete dias equivalentes no pico da testagem (que aconteceu a 22 de janeiro, com 76.965 amostras recolhidas). Assim, foi analisado o período de 21 a 27 de janeiro, também de quinta a quarta-feira. Neste período a média de testes diários foi cerca de 64.365, quase mais 40 mil que na semana passada.

O número de testes já tinha sentido uma quebra no início de fevereiro quando Marta Temido disse “não podemos deixar cair o número de testes”. E também Graça Freitas, em entrevista ao Público, apontou como positivo manter os testes nos 70 a 80 mil diários – o que não aconteceu.

Mais, a 21 de fevereiro deu-se início à norma que alarga a realização de testes aos contactos de baixo risco, o que, à primeira vista indicaria um aumento do número de testes. Mas não aumentou, praticamente estagnou.

Qual a razão para o decréscimo do número de testes? A ministra da Saúde já admitiu que a descida do número de amostras está relacionada com o confinamento. O mesmo explicou o especialista Tiago Correia ao Público: “Se há menos contactos, existem menos contágios e, nessa medida, a testagem baixa”.

Então, não é necessário fazer mais testes?

À partida não será necessário, devido à taxa de positividade, isto é, a percentagem de casos positivos face ao número de testes realizados, que também reduziu. Ainda assim, o Governo decidiu arrancar com um plano de testagem massiva, fazendo 400 mil testes de 14 em 14 dias, para preparar o desconfinamento. Ainda não há datas para o início deste plano.

Olhando para os mesmos dois espaços temporais (21 a 27 de janeiro e 25 de fevereiro a 3 de março) é evidente que a taxa de positividade diminuiu. Nos primeiros sete dias em análise, a taxa de positividade foi de 19,29%. Já no segundo período, foi de 3,37%. Ou seja, por cada 100 testes realizados mais de 19 eram positivos e esse valor desceu para mais de 3.

Esta é a variável que permite perceber melhor a evolução positiva da pandemia em Portugal. Por exemplo, se a taxa de positividade estivesse igual, dia 3 de março a Direção-Geral da Saúde tinha registado mais de 5.000 casos ao invés dos 979 confirmados do boletim desse dia. O mesmo para dia 1 e 2 do mesmo mês.

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