BCE vê PIB da Zona Euro a crescer 4% em 2021

As projeções do Banco Central Europeu (BCE) apontam agora para um crescimento do PIB da Zona Euro de 4% em 2021, o que compara com os 3,9% previstos em dezembro.

O Banco Central Europeu (BCE) atualizou esta quinta-feira as suas projeções económicas relativamente à evolução da economia da Zona Euro: os economistas do banco central apontam agora para um crescimento do PIB da Zona Euro de 4% em 2021, o que compara com os 3,9% previstos em dezembro do ano passado. Ou seja, as expectativas do BCE não mudaram, assinalou Christine Lagarde na conferência de imprensa. Em 2022, o PIB deverá crescer 4,1% e em 2023 aumentará 2,1%.

Nas previsões de dezembro, o BCE previa um crescimento do PIB de 3,9% em 2021, 4,2% em 2022 e 2,1% em 2023. Estas previsões tinham um ponto de partida mais baixo uma vez que o banco central esperava uma contração de 7,3% em 2020. Os dados do Eurostat mostram que o valor final foi 6,6%. Já a taxa de inflação chegava aos 1% em 2021, passando depois para 1,1% em 2022 e 1,4% em 2023.

Quanto à inflação, as novas projeções representam uma revisão em alta, ainda que por motivos temporários, segundo a explicação da presidente do BCE. A taxa de inflação deverá fixar-se nos 1,5% em 2021, 1,2% em 2022, 1,4% em 2023, o que ainda assim fica sempre abaixo do objetivo do banco central de uma inflação “próxima, mas abaixo de 2%”. Em 2020, a taxa de inflação fixou-se nos 0,3% e não nos 0,2% previstos anteriormente.

A presidente do BCE admitiu que a taxa de inflação pode chegar ou superar os 2% em determinados meses, mas argumentou que o banco central está preocupado com a trajetória de médio prazo e não de curto prazo. Na análise do BCE, o aumento da inflação deve-se a questões “técnicas e temporárias”, entre elas: a normalização do IVA na Alemanha que tinha sido reduzido em 2020, a modificação dos pesos de cada componente do índice de preços para ajustar ao novo padrão de consumo provocado pela pandemia, adiamentos nas promoções nas lojas de vestuário e o aumento dos preços do petróleo que em 2020 chegou a mínimos históricos também por causa da Covid-19.

No médio prazo, o BCE não vê sinais de pressões inflacionistas e Lagarde discorreu sobre os vários efeitos que estão em jogo. A presidente do banco central admite que pode haver inicialmente uma pressão do lado da procura com a gradual retirada das restrições relacionadas com a Covid-19, mas esse efeito irá desvanecer ao longo do tempo. Quanto aos preços nos salários, se não eram grandes antes da pandemia esse efeito será ainda menor num mercado de trabalho com mais desemprego. Por último, a apreciação do euro face a outras divisas também puxa a inflação para baixo.

Lagarde explicou ainda que estas previsões do BCE ainda não têm em conta o pacote de estímulos do presidente Biden, nos EUA, o qual foi aprovado esta quarta-feira, uma vez que o fecho das projeções aconteceu antes. Esse estímulo orçamental norte-americano será incluído nas próximas projeções, daqui a três meses, mas a presidente do BCE antecipa já que terá um impacto positivo na Zona Euro pela via da procura externa (exportações europeias). E aproveitou o tema para alertar para a diferença da celeridade nos EUA, com o novo pacote a ser aprovado em poucas semanas e cujo implementação também deve ser rápida, em comparação com a da Europa em que um ano depois o dinheiro do fundo de recuperação europeu ainda não chegou aos países. “As medidas orçamentais [a nível europeu] ainda não chegaram ao terreno, mas é preciso que tal aconteça“, afirmou.

Christine Lagarde revelou ainda que o BCE está a favor da suspensão das regras orçamentais na Europa em 2022, o que foi proposto pela Comissão Europeia mas ainda tem de ser aprovado pelos Estados-membros. Além disso, a presidente do BCE espera que os países aproveitem esta oportunidade para reformular as regras orçamentais, o que também é uma intenção da Comissão Europeia, de forma a torná-las “mais simples, focadas na produtividade e no investimento, mas com disciplina orçamental implícita”.

(Notícia atualizada às 14h46 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

BCE vê PIB da Zona Euro a crescer 4% em 2021

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião