PSD “teria sido mais prudente em relação às escolas”. Veja as reações ao plano de desconfinamento
Rui Rio refere que, na sua ótica, o primeiro ciclo do ensino básico não deveria retomar a atividade presencial já na segunda-feira, tendo atrasado esse retorno por 15 dias.
Depois do Governo ter anunciado, na quinta-feira, o plano de desconfinamento, as reações divergem: uns setores aplaudem, outros pedem mais. Esta sexta-feira, o Bloco de Esquerda (BE) pediu ao Governo mais rapidez nos apoios sociais e também mais testes e rastreio.
O plano apresentado por António Costa é “lento e gradual”, marcado por quatro datas: 15 de março, 5 e 19 de abril e 3 de maio. Na segunda-feira, dia 15, já irão reabrir creches, jardins de infância e primeiro ciclo; lojas de comércio local de bens não essenciais para venda ao postigo e livrarias; cabeleireiros, barbeiros, manicures e similares.
PSD “teria sido mais prudente em relação às escolas”
Quanto ao plano de desconfinamento apresentado pelo Governo na quinta-feira, o líder do PSD diz que, na sua ótica, deveria ter havido uma maior prudência no que toca à abertura das escolas. Para o PSD, a retoma do primeiro ciclo do ensino básico apenas deveria acontecer a 29 de março, “se os indicadores” definidos pelo Executivo “assim o permitissem”.
Ainda assim, refere que a metodologia apresentada esta quinta-feira vai ao encontro do que aquilo que tinha sido anteriormente defendido pelo PSD, com os “indicadores escolhidos” a serem adequados a uma avaliação da evolução da situação pandémica. No entanto, defende que esta é uma “metodologia que já devia ter sido adotada há mais tempo”.
Além do mais, Rui Rio alerta que o índice de transmissibilidade (Rt) se está “a aproximar de 1”, sustentando que é necessário procurar “perceber porque está a agravar-se”, numa altura em que o país ainda se encontra “em confinamento”.
BE quer apoios sociais a “saírem do papel”
Em reação ao plano de desconfinamento apresentado pelo Governo, o Bloco de Esquerda relembra que há “apoios sociais que foram anunciados em janeiro e não saíram do papel”. Por isso, o deputado Pedro Filipe Soares pediu rapidez na resposta “às necessidades económicas e sociais do país”.
Quanto ao desconfinamento, o deputado bloquista considera que o rastreio não está a ser feito da melhor forma. “Desconfinar com segurança implica testar e rastrear para acompanhar esse desconfinamento”, disse, acrescentando que é necessário acelerar a vacinação e que Portugal, enquanto líderes do Conselho Europeu, deveriam pressionar as farmacêuticas.
PAN quer testagem massiva nas escolas
Apesar de considerar positivo “o facto dos níveis de restrição estarem indexados à evolução da situação epidemiológica avaliada de 15 em 15 dias”, André Silva, líder do PAN, critica dois aspetos. O primeiro, tal como o BE, é a testagem massiva nos estabelecimentos de ensino que vão reabrir já na segunda-feira, ou neste caso a falta dela. “Aquilo que foi transmitido, ou que não é claro, é que com a abertura não há garantida a testagem dos professores, auxiliares, de todo o meio educativo, para conter novos surtos. Para nós é fundamental, e se não for feito é um erro“, declarou. Outro ponto negativo é a falta de medidas para os transportes públicos, que considera essenciais.
PEV pede redução do número de alunos
Mariana Silva, deputada do Partido Ecologista Os Verdes, indicou que é necessário apoiar a “população mais fragilizada”. Adicionalmente, quanto às escolas, que abrem já na segunda-feira, pediu condições para as escolas “abrirem em segurança”, nomeadamente “diminuir os alunos por turma”. Pediu ainda medidas para a cultura pois “os profissionais da cultura precisam de trabalhar e os portugueses precisam de cultura“.
Por fim, criticou a comunicação feita pelo Governo. “A partir de agora não pode haver só um power point e meia dúzia de frases para as pessoas perceberem o que esta em causa. Por isso há aqui a importância da comunicação como temos vindo a dizer ao longo do tempo e esperemos que o Governo tenha essa capacidade”, notou.
PCP quer mais professores e assistentes nas escolas
Na ótica do PCP o plano de desconfinamento do Governo é “altamente conservador”, afirmou o deputado comunista Jorge Pires. Além do mais, à semelhança do PEV, pediu mais condições para as escolas, “como a redução do número de alunos e a contratação de mais professores e assistentes operacionais”. O deputado considera ainda que o prolongamento do ensino à distância é “insistir numa opção que despreza a qualidade das aprendizagens e das competências”.
Já para o setor da cultura, “mais do que apoiar com 400 euros os artistas, é fundamental insistir nas condições necessárias para abrir em segurança” os equipamentos culturais.
Por fim, os comunistas voltaram a insistir no reforço do SNS, quer em profissionais, quer em equipamentos e ainda o reforço da “estrutura de saúde pública para que assegure a interrupção das vias de contágio através do rastreio e da testagem massiva”. Apelou ainda que se comprasse outras vacinas, já aprovadas fora da UE.
CDS diz que plano de desconfinamento “privilegia velocidade à razoabilidade”
“A opinião do CDS face a este plano de desconfinamento é que ele privilegia a velocidade à razoabilidade. O Reino Unido apresentou um plano de desconfinamento, sendo que lá a vacinação está muito mais avançada e a testagem muito mais massificada, e o calendário é muito mais espaçado para as diferentes atividades, portanto é mais cauteloso e prudente do que aquele que foi apresentado pelo Governo”, afirmou o líder centrista. Francisco Rodrigues dos Santos falava aos jornalistas em Lisboa, depois de uma reunião com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
À semelhança dos restantes partidos, o CDS-PP apela a testagem massiva. O líder criticou o facto de creches, pré-escolar e escolas do primeiro ciclo reabrirem “quando ainda não está preparada e implementada no terreno uma estratégia de testagem de profissionais docentes e não docentes”.
Setores automóvel e imobiliário elogiam plano, mas há quem queira mais
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) congratulou-se com a reabertura do comércio de automóveis, anunciada pelo primeiro-ministro, considerando que os stands “são, normalmente, áreas de grande dimensão e arejadas” e que concentram “um reduzido número de pessoas”.
Também a ASMIP – Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal se congratulou com o anúncio de autorização de reabertura da atividade de mediação a partir de segunda-feira. “Por fim, uma excelente notícia para a própria economia que beneficia com esta abertura, pois depende em muito da vitalidade do setor imobiliário”, refere o presidente da associação, Francisco Bacelar, em comunicado.
Já os feirantes pedem mais. A Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) considerou que o Governo podia ter acelerado o processo de abertura das feiras e mercados de venda de produtos não alimentares, apesar de compreender que não podem vender ao postigo. “Conseguimos perceber e colocar-nos na posição de 5 de abril, mas não via qualquer inconveniente se quisessem acelerar o processo e colocar já a partir de dia 15” de março, disse Joaquim Santos, presidente da FNAF, em declarações à Lusa.
Também a restauração lamenta que o Governo não tenha ido mais longe no desconfinamento, considerando que o plano é “aos soluços” e não “interessa aos restaurantes”, de acordo com um comunicado divulgado esta sexta-feira pela associação PRO.VAR. Para a associação o “grande risco deste desconfinamento é que o patamar que permite trabalhar em forma plena é atribuído a um nível considerado muito exigente e facilmente alcançável, colocando o setor da restauração em permanente sobressalto, pois iremos assistir a um ‘abre e fecha’ de 15 em 15 dias”, lê-se na nota.
Sindicatos pedem cautela e proteção dos trabalhadores
O presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) manifestou concordância com o plano de desconfinamento faseado das restrições da pandemia de Covid-19, sem deixar de alertar para o risco de “repetir erros”.
“Mais vale pequenos passos, mas seguros, do que correr o risco de repetir erros do passado, como foi o exemplo das permissões no Natal, que agravaram irremediavelmente a situação da Covid-19, com muitas perdas de vidas humanas e sacrifícios enormes para todos e, em particular, para os profissionais de saúde”, afirmou Carlos Ramalho, citado num comunicado do sindicato.
Já a secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, disse, esta sexta-feira, que o desconfinamento é “fundamental”, mas têm de ser garantidas todas as condições de proteção dos trabalhadores, o que “não tem acontecido”.
Fronteiras fechadas até à Páscoa são “passo atrás” para restaurantes de Elvas
Empresários de Elvas (Portalegre) consideraram esta sexta-feira “mais um passo atrás” para o negócio da restauração nesta cidade raiana a manutenção do encerramento das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha até à Páscoa.
“É mais um passo atrás para nós. Acreditávamos que a questão da fronteira poderia ser [reaberta] antes, estávamos convencidos disso”, lamentou à agência Lusa o presidente da Associação Empresarial de Elvas, João Pires.
O responsável recordou que o período da Páscoa em Elvas, que “vive paredes meias” com Badajoz (Espanha), costuma ser, para o setor da restauração, “muito forte”. É até uma época festiva “tanto ou mais forte” do que a época do Natal, sublinhou.
No entanto, o presidente da Associação Empresarial de Elvas “acredita” que o período do verão não vai ser um “caso perdido” para o setor, como já foram as épocas do Natal e do Carnaval.
(Notícia em atualização)
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