Constâncio vê níveis pré-pandemia só em 2023. Admite picos temporários na inflação

O ex-vice-presidente do BCE diz que a recuperação da Zona Euro será lenta e, por isso, só vê o PIB nos níveis pré-pandemia em 2023. Quanto à inflação, admite picos temporários, mas não estruturais.

Vítor Constâncio não está otimista com a recuperação económica da Zona Euro. Num webinar sobre o futuro da política monetária, o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) adiantou que prevê a recuperação do nível do PIB pré-pandemia apenas em 2023, ao contrário da perspetiva da Comissão Europeia que aponta para a primeira metade de 2022. Quanto à inflação, o economista admite que haja picos temporários este ano, mas não haverá uma taxa elevada de forma sustentada.

O também ex-ministro das Finanças e ex-governador do Banco de Portugal, ligado ao PS, classificou a economia da Zona Euro de “assustada” por um efeito de “histerese”, isto é, em termos simples, a capacidade de manter-se igual apesar dos estímulos económicos injetados. Constâncio diz que o problema tanto está no fator capital como no fator trabalho e conclui que a retoma será “lenta”. Para contrariar isto, recomenda que as políticas macroeconómicas continuem expansionistas.

Na prática, ao contrário do que espera a Comissão Europeia, Vítor Constâncio prevê que a Zona Euro só consiga atingir uma recuperação completa em 2023 e não em 2022. Caso este desempenho se concretize, será ainda maior a divergência com os EUA, que devem recuperar o nível pré-pandemia em 2021, e a China, que já recuperou. O principal motivo para este pessimismo é a evolução da pandemia na Europa, em particular o “problema” do processo de vacinação, o qual deverá continuar a afetar a capacidade de recuperação da economia.

Outro dos motivos está no “atraso” do fundo de recuperação europeu e no “grande problema” que é ter grande parte do dinheiro através de empréstimos. “Não conheço nenhum país que queira usar os empréstimos“, disse, dado que contará para o défice público. Constâncio desafiou a CE e o Conselho a clarificarem que os empréstimos não contam para os processos de défice excessivo, caso as regras orçamentais europeias sejam reativadas. Sobre este tema, o economista considera que as regras atuais não podem aplicar-se no pós-pandemia e, por isso, “têm de ser revistas”.

Relativamente à evolução dos preços, um tema que tem suscitado discussão nos mercados financeiros, Vítor Constâncio afastou o cenário de um período de inflação elevada nos próximos anos na Zona Euro. Não haverá inflação alta de forma sustentada, mas possivelmente pode haver alguns picos temporários dos preços este ano“, explicou.

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