Navio que bloqueou Canal do Suez arrestado pelo Egito. Perspetiva-se perda avultada no resseguro
O pedido de indemnização das autoridades egípcias à seguradora do navio está a ser contestado. Enquanto o discutem, o MV Ever Given, carga e 25 elementos da tripulação estão presos no Suez.
O navio porta-contentores que, em março, bloqueou o Canal do Suez durante quase uma semana foi apreendido pelas autoridades do Egito, um arresto que se supõe ter sido decretado para funcionar como garantia pela compensação superior a 900 milhões de dólares (mais de 750 milhões de euros) que a autoridade do Canal reclama aos proprietários do barco.
O arresto do Ever Given foi decretado por um tribunal egípcio e durará enquanto decorrerem as discussões entre a entidade que opera o Canal (SCA- Suez Canal Authority), de um lado, e as seguradoras do proprietário do porta-contentores, do outro, para se saber quem deve pagar as perdas originadas pelo bloqueio do tráfego marítimo durante o tempo em que o navio esteve encalhado no Canal, noticiou a edição impressa do Financial Times (FT).
A ordem de arresto foi dada enquanto o navio se mantinha fundeado na zona do Great Bitter Lake, uma secção da Canal onde não afeta o trânsito de outras embarcações, onde era suposto concluir inspeção antes de seguir viagem. Segundo o UK P&I Club, que cobre a Shoei Kisen Kaisha empresa proprietária do navio nas responsabilidades contra terceiros, a SCA apresentou, a 7 de abril, uma reclamação de 916 milhões de dólares por prejuízos originados pelo bloqueio.
De acordo o jornal, o UK P&I, entidade que integra um grupo internacional composto por 13 P&I Clubs (cooperativas ou mútuas de seguro marítimo) que respondem pelos primeiros 100 milhões de dólares de grandes reclamações, fez uma “contraproposta cuidadosamente ponderada e generosa”, à qual autoridade egípcia respondeu com a ordem de arresto do navio. A prioridade do clube de seguro marítimo era “a resolução justa e rápida da reclamação” por forma a libertar o barco e a carga e, mais importante, a tripulação de 25 pessoas que permanecem a bordo, disse fonte da entidade britânica.
A indemnização pedida pela Autoridade do Canal engloba os custos da operação de desencalhe, o atraso no tráfego marítimo, mais os danos causados em equipamentos e no próprio canal, explicou Osama Rabie. O canal sofreu “danos enormes e nós não cometemos qualquer falta”, afirmou o responsável da SCA, referindo ainda que as negociações sobre a compensação estavam a decorrer, mas após acrescentar que o proprietário do navio estava a tentar reduzir o montante reclamado em 90%, Rabie desferiu: “Eles não querem pagar nada.”
Normalmente, a SCA coloca dois pilotos de barra a bordo das embarcações que navegam o canal para as auxiliar na travessia, afirma a publicação financeira citando analistas do shipping. Ainda, segundo nota o FT, a agência Fitch prevê que as consequências do bloqueio do Canal resultarão num “evento de perdas avultadas” para a indústria de resseguro.
Enquanto a companhia nipónica proprietária do Ever Given confirma que o barco se encontra apreendido, a Evergreen Marine, empresa de Taiwan que é a operadora do porta-contentores de 200 mil toneladas, já disse que a reclamação da SCA evidencia enorme falta de suporte, e não apresenta qualquer justificação detalhada.
Portanto, a Evergreen apelou às partes envolvidas para chegarem a um entendimento, acrescentando também que está a averiguar os fundamentos e o âmbito do arresto judicial.
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