Profissionais em teletrabalho acusam maior stress. Mulheres e jovens são os mais atingidos

Quase 65% dos profissionais em teletrabalho consideram que o período laboral é o momento mais stressante do seu dia. As mulheres e os jovens são quem revela maiores níveis de ansiedade.

Os níveis de stress dos profissionais portugueses estão a aumentar. E são os que se encontram em regime de teletrabalho que apresentam os níveis de tensão mais elevados. Quase 65% considera que o período laboral é o mais stressante do seu dia, enquanto, entre os trabalhadores que estão a ir ao escritório, apenas 50% diz sentir-se muito stressado enquanto trabalha, segundo um inquérito da Nova Information Management School (Nova IMS), da Universidade Nova de Lisboa.

“Com o teletrabalho, as relações entre o trabalho, a família e os momentos de descanso deterioraram-se, com jornadas mais longas, o que aumenta os níveis de stress e ansiedade entre os profissionais. Por outro lado, este período de incerteza e de maior risco de desemprego parece afetar particularmente as mulheres e os jovens”, refere Diego Costa Pinto, diretor do marketing analytics lab da NOVA IMS, citado em comunicado.

Com um universo de 233 respostas, o inquérito sobre o bem-estar dos portugueses, realizado em abril, revela um aumento dos níveis de stress: 75% reporta um aumento nos níveis de stress, fruto da pandemia da Covid-19, particularmente sentido pelos jovens, entre os 18 e 24 anos, e pelas mulheres.

Enquanto os níveis de ansiedade dos homens subiram 61%, o mesmo valor referente às mulheres disparou 78%.

 

Pandemia acentua diferenças

“Infelizmente, a pandemia acabou por acentuar diferenças entre as gerações e entre géneros”, comenta Diego Costa Pinto.

Outra diferença significativa entre géneros é que, para a maioria das mulheres, os níveis de stress sobem durante o trabalho (56%). Já para os homens, os momentos de maior tensão e ansiedade são durante os momentos de descanso e com a família (53%).

Entre faixas etárias, é nos jovens que a pandemia mais parece estar a deixar marcas: 90% dos jovens entre os 18 e os 24 anos revelam um aumento nos níveis de ansiedade, seguidos pela faixa etária entre 25 e os 34 anos de idade. O maior impacto nos níveis de stress volta a ser sentido a partir dos 55 anos.

Desde o início da pandemia, vários estudos têm provado que o impacto do teletrabalho na saúde mental é real, e que obriga a uma atenção redobrada para quem está em situação de teletrabalho e a maiores responsabilidades por parte de quem gere.

No final do ano, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) já dava conta que mais de metade dos trabalhadores portugueses (54%) estão expostos a riscos para a saúde mental no local de trabalho, um aumento de 17,2 pontos percentuais desde o último estudo sobre o tema realizado em 2013.

A forte pressão de prazos, a sobrecarga de trabalho e o contacto com pessoas problemáticas, como clientes, pacientes, alunos, cidadãos, são os problemas que afetam mais portugueses e constituem por si só um risco para a saúde mental.

Ainda que com menos expressão, a insegurança no emprego, a falta de comunicação ou de cooperação interna na organização, a violência ou ameaça de violência no trabalho e a falta de autonomia são também encarados como riscos.

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