Governo falha meta de receber CEO da TAP já com plano aprovado em Bruxelas

Acionistas da companhia aérea votam esta quinta-feira os membros do conselho de administração para o quadriénio 2021-2024. Equipa vai assumir funções sem luz verde de Bruxelas ao plano.

Era para ter sido no primeiro trimestre, depois abril, maio… Independentemente do mês, o importante era que o plano de reestruturação para a TAP fosse aprovado antes de o dinheiro acabar e antes da chegada da nova equipa de gestão. Apesar de a companhia aérea e o Governo manterem a posição de que não há qualquer entrave, certo é que esta meta está prestes a falhar.

Os acionistas da TAP — o Estado com 98% de forma direta e indireta, Humberto Pedrosa com 1,8% e os trabalhadores com a restante participação de 0,4% — vão votar esta quinta-feira, a partir das 15h, a nova equipa de gestão. Composta por onze administradores — cinco executivos e seis não executivos –, esta será liderada pela CEO Christine Ourmières-Widener.

Será a francesa que irá executar o plano de reestruturação, que Portugal propôs à Comissão Europeia a 10 de dezembro para cumprir as condições impostas para dar apoio público à TAP. “A Comissão está a avaliar se o plano está em linha com os requisitos e condições definidos nas diretrizes para as ajudas de Estado no que diz respeito a resgates e reestruturações”, respondeu fonte oficial de Bruxelas, ao ECO, sobre o processo de avaliação.

Neste contexto, o objetivo da avaliação da Comissão é garantir que, com a reestruturação, a viabilidade a longo prazo da empresa seja restaurada sem a necessidade de apoio público adicional e continuado no futuro. Isso garante que a empresa possa retornar à viabilidade e, após a reestruturação, competir por vias próprias e em igualdade de condições com outras empresas no mercado.

A Comissão continua em contacto com as autoridades portuguesas sobre o plano de reestruturação da empresa. A avaliação da Comissão está em curso. Não podemos fazer comentários sobre o conteúdo do plano de reestruturação nem prever o resultado ou o seu timing neste momento”, acrescentou, rejeitando responder sobre as causas para a demora. Não especificou também se as autoridades portuguesas e europeias falaram sobre a escolha da equipa de gestão.

O elevado volume de casos em análise (devido à pandemia) ou a contestação judicial por parte da Ryanair poderão estar entre as razões para a demora. Quando a resposta chegar, a CEO já deverá estar em funções e será já esta a implementar o plano de reestruturação. Parte das medidas não esperaram, tendo a equipa já avançado com uma redução do número de trabalhadores (que vai culminar num despedimento coletivo), enquanto renegoceia contratos e converte a frota.

Mas nem tudo pode avançar sem o “ok” de Bruxelas, nomeadamente o apoio financeiro. A questão foi contornada de outra forma, com a Comissão Europeia a aprovar um pedido de Portugal para conceder à TAP apoio intercalar de 462 milhões de euros. Apesar de vir do mesmo envelope, este dinheiro pode já avançar por ser uma compensação pelo impacto das medidas de contenção da pandemia. No entanto, se demorar e se coincidir com novas restrições às viagens, a empresa poderá ver-se a braços com novas dificuldades financeiras.

Além de Ourmières-Widener, a nova equipa executiva da TAP tem outros quatro membros: Ramiro Sequeira, atualmente presidente executivo interino, permanecerá na gestão executiva, como Chief Operations Officer (COO). E há um novo administrador financeiro: João Weber Gameiro. Manuel Beja entra para chairman, substituindo Miguel Frasquilho.

O novo Conselho da TAP

  • Chairman: Manuel Beja

Administradores executivos

  • Chief Executive Officer: Christine Ourmières-Widener
  • Chief Financial Officer: João Weber Gameiro
  • Chief Operations Officer: Ramiro Sequeira
  • Chief Corporate Officer: Alexandra Reis
  • Chief Commercial Officer: Sílvia Mosquera

Administradores não executivos

  • Patrício Ramos
  • Ana Teresa Lehmann
  • Gonçalo Pires
  • Silva Rodrigues (indicado pela HPGB)
  • João Duarte (indicado pelos trabalhadores)

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