Manuel Pinho arrepende-se de ter sido ministro: “Foi um erro enorme”

  • ECO
  • 2 Agosto 2021

Na sua defesa, o ex-ministro garante que Ricardo Salgado não tem nada a ver com a nomeação de António Mexia para a EDP e garante que nunca recebeu um "euro indevido" do BES.

Como o seu processo não está em segredo de Justiça, o ex-ministro da Economia e da Inovação de José Sócrates decidiu revelar a sua defesa no site manuelpinhoconfined.com, a qual foi divulgada pelo Expresso esta segunda-feira. Diz estar “confinado” há nove anos, arrepende-se de ter sido ministro e queixa-se da lentidão da Justiça portuguesa por ter demorado 1.484 dias (nove anos) para o ouvir. Foi isto que transmitiu na semana passada no interrogatório no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Ter aceite exercer um cargo político foi um erro enorme, porque além dos custos que eu e a minha família tivemos de suportar em termos financeiros (empobreci muito na política, ao contrário de enriquecer) e de exposição pública, posteriormente a minha vida nunca mais foi a mesma, tendo levado a um confinamento que já leva nove anos”, escreve Manuel Pinho no seu site, arrependendo-se de ter sido ministro de Sócrates entre 2005 e 2009.

Nas críticas que faz à Justiça, o ex-ministro chega a comparar com a ditadura: “Há cada vez mais pessoas que pensam, e até o escrevem, que situações destas não se passariam no Estado Novo“, escreve, relatando que a sua vida profissional e relações sociais “foram devastadas” pela investigação. “Espero pelo dia em que os tribunais internacionais irão julgar esta situação que não se verificaria em nenhum país civilizado”, garante, apelidando o processo de uma “campanha difamatória” contra si.

Ao longo de 29 páginas, o ex-ministro faz uma cronologia dos últimos anos e faz a sua defesa, começando pela relação com o BES. “Ricardo Salgado não teve rigorosamente nada a ver com a nomeação de António Mexia“, garante, alegando que “há muitas testemunhas que o podem confirmar”. “Isto quer dizer que Ricardo Salgado e o BES não têm rigorosamente nada a ver com o caso EDP, que diz respeito a supostos favorecimentos que nunca existiram”, remata.

Assim, “posso garantir que não recebi um euro indevido do BES“, assegura, negando que tenha favorecido o seu ex-empregador (BES) ou a EDP em alguma decisão enquanto ministro. Em causa estão transferências mensais da ES Enterprise, o apelidado “saco azul” do GES, para uma conta da qual era titular, através de uma empresa no Panamá. “Sobre quaisquer pagamentos que em concreto me tenham sido feitos, continuo à espera que me mostrem os documentos que os titulam, o que os meus advogados requereram em 19/09/2019 e em 30/10/2019, sem resposta até hoje, mas não quero deixar de dizer que nunca recebi nada que não me fosse devido”, diz apenas.

Manuel Pinho foi constituído arguido pela Polícia Judiciária no verão de 2017 por suspeitas de que o ex-ministro de José Sócrates possa ter recebido cerca de um milhão de euros entre 2006 e 2012 de uma empresa do Grupo Espírito Santo. O processo das rendas excessivas da EDP investiga alegadas práticas de corrupção nos negócios dos CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual).

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