S&P deverá manter rating de Portugal, apesar do impacto da variante Delta

S&P divulga esta noite decisão sobre rating da dívida pública portuguesa, não se antecipando alterações. Ainda há duas semanas, DBRS escolheu manter a notação.

Portugal volta a ser alvo, esta sexta-feira, de avaliação por parte da Standard and Poor’s (S&P), numa altura em que a economia nacional começa a dar sinais de recuperação. À semelhança do que tem feito nas últimas pronúncias, a agência de rating deverá manter a notação e a perspetiva da dívida pública portuguesa.

“A S&P tem atribuído a Portugal um rating de ‘BBB’ com perspetivas estáveis, algo que deverá permanecer inalterado na sua decisão [desta sexta-feira]”, diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, ao ECO. Na mesma linha, Nuno Mello, analista da XTB, antecipa: ” À semelhança do que foi decidido pela agência S&P na última avaliação, o rating da dívida pública portuguesa deverá manter-se em ‘BBB'”.

Na última avaliação, em setembro do ano passado, a agência em causa decidiu manter a notação da dívida pública portuguesa em “BBB” para longo prazo e “A-2” para curto prazo, um rating considerado “investimento de qualidade” e dois níveis acima do lixo”. A S&P deveria ter-se pronunciado também em março de 2021, mas decidiu não avançar nesse sentido, mantendo a classificação da dívida nacional em nível de investimento (BBB), com perspetiva estável.

A avaliação desta sexta-feira será, por isso, a primeira deste ano. Em antecipação e em declarações ao ECO, Filipe Silva sublinha que a variante Delta do novo coronavírus “veio atrasar a recuperação económica”, a nível mundial e Portugal não escapou a essa realidade. “No entanto, o sucesso do plano de vacinação, a flexibilização das restrições, juntamente com os fundos da União Europeia, bem como o acesso a liquidez com custo muito baixos deverão ajudar numa recuperação económica, pelo que alguns dos setores mais penalizados deverão começar a ver uma retoma em 2022″, antecipa o especialista.

Já Nuno Mello salienta que “apesar da deterioração das contas orçamentais impulsionada por uma redução significativa nas receitas e um aumento nas despesas para enfrentar a pandemia, o avanço da vacinação — sendo Portugal o quinto país do mundo com uma taxa de vacinação completa mais alta –, a reabertura da economia — cujo plano de desconfinamento deverá entrar já na última fase ainda este mês de setembro — e a melhoria dos indicadores económicos, nomeadamente do PIB, deverá levar a uma redução gradual do défice nos próximos dois anos.

O analista projeta, por outro lado, que a S&P deverá focar a sua avaliação na “dívida pública elevada, no baixo potencial de crescimento económico e no stress do sistema financeiro“, além de referir “possivelmente” os riscos da nova variante do vírus pandémico, que poderá voltar a ditar medidas mais restritivas.

No final de agosto, a DBRS também seguiu o caminho da estabilidade e decidiu manter a dívida portuguesa em “BBB high, isto é, três níveis acima de “lixo”. A agência canadiana disse, na altura, acreditar numa recuperação da economia no período pós pandemia, à boleia dos progressos na vacinação contra a Covid-19, bem como do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “O processo de vacinação, a melhoria das condições sanitárias e o alívio das restrições permitiram uma recuperação de 4,9%, no segundo trimestre de 2021. Estas condições e os fundos europeus [do PRR] poderão acelerar a recuperação”, observou a DBRS.

Ainda assim, a agência fez questão de enfatizar que o principal risco para a economia portuguesa é a procura externa, especificamente o turismo, setor que continua a ser dos mais penalizados pela crise pandémica. A DBRS alertou, além disso, para a importância de haver consolidação das contas públicas, tendo em conta os desafios demográficos que o país enfrenta.

A próxima avaliação de que Portugal será alvo, depois da desta noite, deverá acontecer ainda este mês, no dia 17. Nessa altura, será a Moody’s a tomar uma decisão. Em março, essa agência decidiu manter o rating da dívida portuguesa no primeiro nível de investimento qualidade, com perspetiva positiva.

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