Mais de 100 países prometem reduzir emissões de metano em 30% até 2030

  • Lusa e Capital Verde
  • 2 Novembro 2021

Para a associação ambientalista Zero, que marca presença em Glasgow, o metano é a peça chave para reduzir as emissões poluentes até 2030.

Mais de 100 países, entre eles Portugal, mas também os Estados Unidos e a União Europeia como entidade, comprometeram-se esta terça-feira a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, em comparação com 2020. De fora ficam países como a China, Índia e Rússia.

A decisão foi anunciada em Glasgow, Reino Unido, onde decorre até dia 12 a 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26).

O metano é um gás com poderoso efeito de estufa, muito superior ao mais ‘mediático’ dióxido de carbono, e, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um dos que podem ser reduzidos mais rapidamente.

“Reduzi-lo abrandaria imediatamente o aquecimento global”, disse Ursula von der Leyen, lembrando que o metano é responsável por cerca de 30% do aquecimento do planeta desde a revolução industrial.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, salientou também que o metano é “um dos gases com efeito de estufa mais poderosos”, salientando depois que os países signatários do compromisso representam 70% do PIB mundial.

“Hoje, os Estados Unidos, a União Europeia, e parceiros, lançaram formalmente o ´Global Methane Pledge´ (Compromisso Global do Metano), uma iniciativa para reduzir as emissões globais de metano e manter possível o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius (acima dos valores médios da era pré-industrial). Um total de mais de 100 países, representando 70% da economia global e quase metade das emissões antropogénicas de metano, subscreveram agora o compromisso”, diz-se num comunicado do governo dos Estados Unidos.

Para a associação ambientalista Zero, que marca presença em Glasgow, o metano é a peça chave para reduzir as emissões até 2030.

“As emissões de metano são o segundo maior contribuinte para o aquecimento do planeta, sendo um gás com um potencial de aquecimento mais de 80 vezes o do dióxido de carbono a 20 anos, contribuindo com cerca de 30% para todo o efeito de estufa. Mas o metano tem um tempo de vida média na atmosfera muito mais curto que o dióxido de carbono: só cerca de 12 anos, em comparação com os mais de 100 anos do dióxido de carbono, pelo que só cortando nas emissões de metano se consegue reduzir o efeito de estufa rapidamente. Além disso, metano é gás natural, que tem um valor económico, pelo que reduzir as suas emissões, por exemplo evitando a sua fuga na produção, transporte e distribuição de gás natural, é fácil de fazer e custo eficaz”, disse fonte da Zero aos jornalistas.

Por seu lado, Francisco Ferreira, presidente da associação, acrescentou: “É importante que esta meta se traduza numa redução do uso do gás natural e isso só é válido com uma maior aposta em renováveis. Daí um ligeiro ceticismo porque muitos países encaram o gás natural como o vértice principal da transição energética”.

Os Estados Unidos e a União Europeia já tinham anunciado em setembro que estavam a trabalhar no acordo, ao qual se juntaram 103 países, entre eles, além de Portugal, o Brasil, o Canadá, a França, a Alemanha, a Indonésia, o México. a Nova Zelândia, a Arábia Saudita ou o Reino Unido, entre outros.

Na nota, os Estados Unidos salientam que os países signatários não só se comprometem em reduzir as emissões de metano como a avançar para a utilização de melhores metodologias de inventário disponíveis para quantificar emissões de metano.

Os Estados Unidos e a União Europeia “também se orgulham de anunciar uma expansão significativa do apoio financeiro e técnico para apoiar a implementação do compromisso. Filantropos globais comprometeram-se com 328 milhões de dólares em financiamento para apoiar o aumento da escala deste tipo de estratégias de mitigação do metano em todo o mundo. O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, e o Fundo Verde para o Clima comprometeram-se a apoiar o acordo através de assistência técnica e financiamento de projetos. A Agência Internacional de Energia servirá também como parceiro de implementação.”, diz-se no comunicado.

De acordo com o documento a concretização do Compromisso Global de Metano reduzirá em pelo menos 0,2 graus celsius o aquecimento global até 2050, “proporcionando uma base fundamental para os esforços globais de mitigação das alterações climáticas”.

Além disso, segundo a Avaliação Global do Metano da Coligação Clima e Ar Limpo (CCAC) e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), conseguir os objetivos até 2030 do compromisso hoje divulgado evitaria mais de 200.000 mortes prematuras, centenas de milhares de idas a urgências hospitalares relacionadas com a asma, e mais de 20 milhões de toneladas de perdas de colheitas por ano até 2030.

O metano (CH4), emitido pela agricultura e pecuária, combustíveis fósseis e resíduos, é o segundo gás com efeito de estufa mais importante ligado à atividade humana depois do dióxido de carbono (CO2). Ainda que pouco falado, tem um efeito de aquecimento cerca de 29 vezes superior ao CO2 durante um período de 100 anos, e cerca de 82 vezes durante um período de 20 anos.

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