Portugal obtém 1.000 milhões com juros a 10 anos a regressarem a níveis pré-pandemia

IGCP foi esta quarta-feira aos mercados para obter 1.000 milhões de euros, com os juros da dívida a dez anos a caírem para níveis anteriores à pandemia.

Portugal financiou-se esta quarta-feira em 1.000 milhões de euros nos mercados, com os juros das obrigações do Tesouro a dez anos a caírem para níveis anteriores à pandemia.

O IGCP pagou uma taxa de 0,314% para emitir 686 milhões de euros em títulos com maturidade em 2031, tratando-se do valor mais baixo no prazo a dez anos (a referência no mercado) desde setembro de 2019, quando pagou uma taxa de 0,264% (foi a taxa mais baixa de sempre). No anterior leilão com esta linha, realizado em junho, a taxa foi de 0,397%.

Por outro lado, também foram emitidos 314 milhões de euros em obrigações que vencem em 2037 (uma linha com menor utilização por parte da agência que gere a dívida pública), sendo que a taxa de juro de 0,622% fixada nesta operação representa uma subida em relação aos anteriores leilões (compara com a taxa de 0,609% do leilão de julho).

Juros a 10 anos mais baixos desde 2019

Fonte: IGCP

Em ambos os leilões, a procura superou a oferta, o que permitiu à agência liderada por Cristina Casalinho colocar o montante máximo previsto para esta operação de financiamento.

Foi um regresso do IGCP aos leilões de dívida, depois de um “interregno” de quatro meses (anterior operação ocorreu em julho), e acontece num momento de impasse político e governativo no país e quando os investidores se mostram relutantes quanto à evolução da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) num contexto de alta inflação. Além disso, foi a primeira operação de financiamento depois de a agência Moody’s ter revisto em alta o rating de Portugal em setembro. Esta sexta-feira é a vez de a Fitch se pronunciar.

“O resultado de ambos os leilões mostra que o prémio de risco de Portugal continua a ser apenas impactado pelo movimento das dívidas soberanas europeias. O BCE iniciou o processo de abrandamento de compras no programa de compras de emergência pandémica, que levou numa fase inicial a uma subida de yields, mas que parece ter estabilizado”, começa por dizer Filipe Silva, do Banco Carregosa.

“Esperam-se taxas mais elevadas para 2022, mas tal irá depender da atuação do BCE, bem como do desempenho das economias. A inflação tem criado uma pressão extra sobre os bancos centrais, uma vez que está a ser mais prolongada do que o que inicialmente se esperava. Apesar de tudo Portugal continua a emitir com taxas historicamente baixas e que muito têm contribuído para a diminuição do custo médio da dívida Portuguesa“, explicou.

(Notícia atualizada às 11h56 com comentário de Filipe Silva)

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