Horta Osório: “É dramático que em Portugal se ganhe 1.000 euros em média por mês”

“Por que é que Portugal cresce 1% ao ano e a Irlanda cresce 5% ao ano?”, questionou António Horta Osório. O banqueiro diz que prioridade deve passar pela redução da dívida pública.

António Horta Osório considera que Portugal tem um problema de crescimento e questionou a ambição do país: “Estamos satisfeitos com o nível de riqueza?”, perguntou. Para o banqueiro, “é dramático que em Portugal se ganhe 1.000 euros líquidos em média por mês”, quando “na Irlanda se ganhe o dobro e em Espanha se ganhe 50% mais”.

“Temos aqui um problema claro de crescimento e de ambição da sociedade portuguesa. Estamos satisfeitos com o nível de riqueza que temos? Estamos satisfeitos com o país que não cresce? Não deveríamos ter uma ambição maior?”, questionou o presidente do Credit Suisse no encerramento da conferência “Banca de Futuro”, organizada pelo Jornal de Negócios.

Segundo Horta Osório, é uma questão que não se tem falado: “Por que é que Portugal cresce 1% ao ano e um país como a Irlanda, pequeno como nós, cresce 5% ao ano?”

“Em termos práticos, isto significa que, em 20 anos, os irlandeses dobram o crescimento do salário médio em relação a Portugal”, disse o banqueiro português.

Horta Osório defendeu que a prioridade do país devia passar pela redução da dívida, que subiu “e bem” durante a pandemia, mas que tem de voltar a uma trajetória de redução, porque as taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) vão começar a subir, aumentando os encargos do Estado com a dívida pública.

“Se temos uma dívida de 130%, se mais tarde ou mais cedo as taxas de juro sobem para 2%, o custo da dívida pública portuguesa aumentará 2%, isso significará 2,5% do PIB, são cerca de cinco mil milhões de euros”, afirmou.

Por outro lado, Horta Osório considera importante debater como se está a alocar o dinheiro público: “Estamos a alocar o dinheiro em despesas correntes ou nos investimentos para o futuro?”

“O dinheiro é mais bem empregue pelos seus donos. (…) A iniciativa privada cria maior riqueza, mas é importante haver redes que protegem as pessoas e que os setores são bem regulados. Mas os recursos geram maior riqueza se forem aplicados pelos seus donos”, defendeu.

Sobre o discurso do BCE, de que a elevada inflação é temporária – algo repetido na conferência pelo governador Mário Centeno –, o presidente do Credit Suisse diz tratar-se de uma abordagem “desafiante” e motivo de “apreensão”.

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