DGS manda estudar vacinação nas crianças dos 5 aos 11 anos
À espera do regulador europeu, uma comissão técnica com especialistas da área pediátrica, cardiologia, enfermeiros e farmacêuticos já avalia o custo-benefício de alargar a vacinação aos mais jovens.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) mandou reativar nos últimos dias a comissão técnica que no verão avaliou a vacinação dos adolescentes contra a Covid-19, desta feita para emitir um parecer sobre a possibilidade de avançar também com a inoculação das crianças entre os 5 e os 11 anos.
Segundo a RTP, que avançou com a notícia, entretanto já confirmada pela DGS, esse grupo integra especialistas da área pediátrica, de cardiologia pediátrica, da Ordem dos Médicos, enfermeiros e farmacêuticos. A equipa não terá mais de uma dezena de elementos e tem como mandato a análise dos prós e contras da vacinação da população nesta faixa etária.
O organismo liderado por Graça Freitas está a antecipar-se à possível avaliação positiva por parte da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que, de acordo com a Reuters, deverá anunciar na próxima quarta-feira as conclusões do estudo sobre a administração da vacina da Pfizer e da BioNTech nestas crianças.
Questionado este sábado sobre se Portugal deve seguir essa recomendação, caso seja dada luz verde pelo regulador europeu, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, disse este sábado que o Executivo socialista vai “esperar pelas decisões da DGS, que é o órgão técnico, obviamente que articulado com as decisões que são tomadas a nível internacional”. “A DGS tem tomado boas decisões no tempo certo”, ressalvou.
Numa fase em que Portugal regista uma maior incidência de casos positivos, sobretudo em crianças até aos 9 anos de idade, a possibilidade de vacinar esta população parece estar a dividir os especialistas. Na reunião realizada no Infarmed, na sexta-feira, o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Henrique Barros, referiu que essa matéria deve ser “uma prioridade”.
“Não faz sentido enquanto não tivermos mais dados que comprovem a utilidade da vacina para as próprias crianças. Não é uma questão de segurança, mas de utilidade”, contrapôs Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em declarações à RTP.
Não há um benefício evidente para a população infantil. (…) Não estão a necessitar de tratamento nem a pressionar os hospitais.
Também o presidente do colégio da especialidade de pediatria da Ordem dos Médicos, Jorge Amil Dias, considerou, citado pelo Público, que “não há um benefício evidente para a população infantil”, lembrando que, apesar de infetadas com o novo coronavírus, raramente ficam doentes. “Não estão a necessitar de tratamento nem a pressionar os hospitais. O que está a pressionar as urgências de pediatria atualmente é a infeção pelo vírus sincicial respiratório”, acrescentou.
Enquanto a agência europeia ainda avalia a questão e cada país vai pensando no custo-benefício da medida, nos EUA, o regulador do medicamento (FDA) já autorizou a vacinação das crianças a partir dos cinco anos, estando esse processo no terreno desde o início de novembro, com aproximadamente mais 28 milhões de crianças elegíveis no país.
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