Trabalhadores da Central do Pego continuam a receber salário se aceitarem formação

  • Lusa
  • 24 Novembro 2021

Cerca de 150 trabalhadores da Central do Pego vão continuar a receber salário se aceitarem receber formação. Garantia foi dada a um sindicato pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.

Os cerca de 150 trabalhadores da central a carvão do Pego vão receber formação profissional e continuar a auferir o vencimento atual, mesmo após o fecho da unidade industrial, a 30 de novembro, anunciou o sindicato.

A garantia foi dada na terça-feira aos representantes dos trabalhadores pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, disse à Lusa Luís Santos, coordenador do SIESI – Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, da CGTP-IN, tendo o responsável afirmado sair “mais tranquilo” com o que considerou ser um “pequeno avanço” do Governo relativamente à garantia de proteção social e formação profissional à totalidade dos trabalhadores, diretos e indiretos.

Segundo o dirigente sindical, “a única condição é que os trabalhadores adiram ao processo de formação e requalificação profissional”, cujas inscrições já abriram para um processo que arranca a 15 de dezembro, “comprometendo-se o governo a complementar o valor do subsídio atribuído pela formação até à totalidade dos ordenados atuais” de cada trabalhador.

“Saio um pouco mais tranquilo [da reunião], considerando este um pequeno avanço da parte do governo em que todos os trabalhadores da central durante estes últimos 30 anos, que têm feito a central trabalhar, não só os da Pego, como todos os que trabalham à volta da central, vão fazer parte do processo e ninguém fica de fora”, disse Luís Santos, tendo referido ser um “passo muito positivo” a “garantia de que nenhum dos 150 trabalhadores vai deixar de receber salário”, apesar do fecho da central a carvão, a 30 de novembro.

“A garantia do senhor ministro é que a partir do dia 15 [de dezembro] todos os trabalhadores que adiram à formação e requalificação profissional, recebem o valor da formação e o Governo assume o complemento até ao salário que estes trabalhadores estavam a receber até saírem”, ou seja, “até ao fecho da central”, um compromisso que, notou, se estende “até final do próximo ano”, ou seja, até dezembro de 2022.

Quanto à reivindicação do SIESI da “manutenção daquelas instalações a produzir energia, até que sejam dadas garantias que assegurem o futuro daqueles trabalhadores”, a mesma “deixa de fazer sentido”, disse, tendo em conta que “ninguém vai para o desemprego a 30 de novembro e existe proteção social aos trabalhadores e às suas famílias, a par do processo de formação, importante para a reintegração profissional” dos atuais trabalhadores.

“Com os salários e proteção social assegurada, o que pretendemos é que estas formações sirvam para os trabalhadores poderem integrar as novas formas de produzir energia” na central, no âmbito do concurso público em curso até 17 de janeiro para a reconversão da central a carvão, “e uma forma de poderem dar continuidade ao seu trabalho e ao seu emprego, no âmbito do enquadramento em novas oportunidades que possam surgir na região”, notou.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática assegurou no domingo que não vão existir problemas sociais para os trabalhadores com o fim da central elétrica do Pego e mostrou-se confiante de que estes serão integrados em novos projetos.

Em entrevista à RTP3, João Pedro Matos Fernandes considerou “muito relevante” o dia que marca o fim da utilização de carvão para produção de eletricidade em Portugal e destacou que o Governo está a “cuidar” dos trabalhadores e dos projetos alternativos que se perspetivam para este ponto de ligação à rede elétrica.

“Não vai haver nenhum problema social, porque soubemos com tempo o que ia acontecer e estamos mais do que preparados. Percebo a preocupação dos trabalhadores, mas vai mesmo correr bem. E vai correr em três dimensões: no apoio social; no concurso para aquele local, que é um ponto de ligação com uma dimensão enorme e em que até 17 de janeiro as propostas serão conhecidas; (…) e o fundo para a transição justa”, explicou.

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