Plástico está para ficar. Em 2020, aumentou em 1.256 toneladas a quantidade de embalagens em Portugal

O primeiro relatório do Pacto Português para os Plásticos mostra também que os plásticos de uso único aumentaram 848 toneladas no ano passado, para total de 3.408 toneladas.

Entre 2019 e 2020, os membros do Pacto Português para os Plásticos, em vez de reduzirem a quantidade de plástico produzido, colocaram no mercado ainda mais 1.256 toneladas (+1,4%) de embalagens de plástico do que no ano anterior. Isto em plena pandemia, o que dá um total de 91.520 toneladas. O mesmo aconteceu nos plásticos de uso único, considerados mais problemáticos: em 2020, aumentaram 848 toneladas face a 2019, para um total de 3.408 toneladas.

Ainda assim, o coordenador do Pacto Português para os Plásticos diz que “os resultados do primeiro relatório da iniciativa demonstram que estamos no caminho correto, mas que todos os membros deverão reforçar as suas ações, individuais e coletivas, para atingirmos, ou mesmo superarmos, as metas para 2025”, afirmou Pedro São Simão, citado em comunicado. Apresentado esta quinta-feira, o primeiro relatório mede o progresso entre os anos 2019 e 2020.

Palavras mais rígidas vieram do Governo: “As regras para reduzir os resíduos de plásticos, sobretudo as embalagens, estão a apertar e vão continuar a apertar no 1.º quadrimestre de 2022, com restrições aos movimentos transfronteiriços de resíduos entre países. Há mesmo vontade de Bruxelas de acabar com certos plásticos, como o PVC. Precisamos de apostar na prevenção. Do lado das empresas, o negócio são será valorizável se fizerem mais do mesmo. Há uma franja de consumo informada, que sabe identificar o greenwashing. Nós é que somos homens e mulheres do lixo, não nos esqueçamos”, disse a secretária de Estado do Ambiente, Inês Santos Costa, na apresentação do relatório.

Tudo começou no início de 2020, quando várias empresas, associações, universidades e o Governo assinaram o Pacto Português para os Plásticos, “uma iniciativa que pretende colocar um ponto final na poluição de plástico, através de uma transição para uma economia circular.

Agora, dois anos depois, são mais de 100 as entidades envolvidas, e esta quinta-feira o Pacto Português para os Plásticos apresentou o Primeiro Relatório de Progresso da iniciativa.

Coordenador do Pacto Português para os Plásticos, Pedro São Simão

1.ª meta – Eliminar os plásticos de uso único problemáticos e/ou desnecessários, através de redesenho, inovação ou modelos de entrega alternativos (reutilização)

Neste momento, revela o relatório, os plásticos de uso único problemáticos e/ou desnecessários (uma lista a que todos os intervenientes chegaram a consenso) representam menos de 4% do total de embalagens de plástico colocadas no mercado pelos membros da iniciativa.

“Mais de dois terços deste valor corresponde a dois tipos de plásticos de uso único – embalagens de plástico não detetáveis em sistemas de triagem e embalagens em PVC”, avança Pedro São Simão, coordenador do Pacto Português para os Plásticos, no mesmo comunicado.

E acrescenta que “os nossos membros já estão a estudar ações que permitam acelerar o ritmo de eliminação dos plásticos de uso único problemáticos, em particular dos com maior representatividade”.

2.ª meta – 100% das embalagens de plástico serem reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis

O relatório apurou que, atualmente, mais de metade (52%) das embalagens de plástico já são recicláveis em Portugal, e muitas mais poderiam ser se novos fluxos de triagem de resíduos de plástico fossem criados. Já são vários os membros que colocam no mercado embalagens 100% recicláveis.

Em 2020, apenas cerca de 7% das embalagens dos membros do Pacto Português para os Plásticos eram reutilizáveis.

“Os primeiros modelos comerciais de embalagens reutilizáveis em plástico em Portugal foram implementados por membros do Pacto Português para os Plásticos. O eco-design e otimização da produção têm permitido incrementar a reciclabilidade das embalagens de plástico”, explica o coordenador da iniciativa.

3.ª meta – 70%, ou mais, das embalagens plásticas serem efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e da reciclagem

Aqui, as notícias não são boas. A taxa de reciclagem de embalagens de plástico atingiu em 2019 apenas 36%, revela o relatório, ainda muito longe do objetivo que em 2025 70%, ou mais, das embalagens plásticas sejam efetivamente recicladas.

“Para tal, contribuirão sistemas como a recolha porta-a-porta ou o sistema de depósito para garrafas de plástico, assim como uma maior sensibilização e educação dos cidadãos para uma maior e melhor separação de resíduos”, defende Pedro São Simão.

4.ª meta – Incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico

No que diz respeito às embalagens colocadas no mercado pelos membros do Pacto Português para os Plásticos que incorporem mais plástico reciclado, o relatório demonstra que estas já incorporavam, em 2020, 10% de plástico reciclado (em média).

No entanto, algumas embalagens dos membros da iniciativa são já fabricadas em 100% plástico reciclado.

5.ª meta – Promover atividades de sensibilização e educação aos consumidores (atuais e futuros) para a utilização circular dos plásticos

Aqui, houve uma aposta na campanha “Vamos Reinventar o Plástico”, que decorreu entre 2020 e 2021, para promover práticas mais sustentáveis e circulares na utilização das embalagens de plástico.

Em 2020, 11 membros do Pacto Português para os Plásticos assumiram uma meta extra de redução de consumo de plástico virgem até 2025 (menos 15 a 50%).

O Pacto Português para os Plásticos é liderado pela Associação Smart Waste Portugal e pertence à Plastics Pact Network da iniciativa New Plastics Economy, da Fundação Ellen MacArthur, que une 12 iniciativas similares em diferentes geografias do globo.

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