BE quer continuar terceira força política para afastar maioria de direita mas abstenção maior será derrota

  • Lusa e ECO
  • 30 Dezembro 2021

A coordenadora do BE considerou que marcar esta posição é “uma garantia de que a maioria de direita será afastada e é também uma garantia de que se vence a extrema-direita” em Portugal.

A coordenadora do BE considerou que é “muito importante” que o partido continue como terceira força política do país para afastar uma maioria de direita, mas um aumento da abstenção será uma derrota nas legislativas.

“É muito importante que o BE seja a terceira força política do país. O Bloco de Esquerda enquanto terceira força política é a garantia de uma exigência muito grande num programa de Governo que resolva os problemas do país”, disse Catarina Martins, em entrevista à agência Lusa.

A dirigente bloquista sustentou que a manutenção enquanto terceira força política vai ser “uma garantia de que a maioria de direita será afastada e é também uma garantia de que se vence a extrema-direita” em Portugal.

Questionada sobre como encarava um cenário de diminuição do número de mandatos que fizesse o partido ‘cair’ enquanto terceira força política, dando lugar, por exemplo, ao Chega, Catarina Martins referiu que “não alcançar objetivos é sempre uma derrota”, seja “pessoal ou coletiva”, mas o partido está convicto de que vai conseguir impedir uma alteração de maioria na Assembleia da República.

Uma possível ascensão do partido de extrema-direita, que atualmente tem em André Ventura o único deputado, é consequência de anos de desmoralização face à persistência dos mesmos problemas, considerou.

“Um dos problemas da falta de resposta à vida concreta das pessoas é o desânimo. E quando instalada, às vezes, a raiva toma o lugar da força e da esperança de construir soluções. Isso é o que tem acontecido um pouco no resto da Europa. Por isso é que é muito importante que a política sirva para resolver problemas das pessoas”, concretizou.

Contudo, uma derrota, na ótica da coordenadora do BE, não está associada à redução do número de mandatos, está no aumento da abstenção e no descrédito na política.

“Um mau resultado é as pessoas não irem votar. Um mau resultado é as pessoas desistirem do país, no meio desta confusão, da pandemia, do cansaço… Isso seria o pior. Este é um momento muito complicado, sentimo-lo todos, estamos todos cansados com a pandemia. Não se criaram as soluções que era preciso e as pessoas ficam fartas com isso”, elaborou.

BE antecipa PS a queimar pontes à esquerda e quer forçar “caminho negociado”

Catarina Martins antevê uma campanha eleitoral em que o PS tentará “queimar as pontes possíveis” com a esquerda, à procura de maioria absoluta, cenário que o BE quer impedir para obrigar os socialistas a um “caminho negociado”.

“António Costa quer uma maioria absoluta e fará todo um discurso de campanha queimando pontes possíveis numa espécie de “eu sozinho sou uma boa solução”, resta saber se o país acha que isso é uma boa ideia”, antecipou, em entrevista à agência Lusa, a propósito das eleições legislativas de 30 de janeiro.

Para a coordenadora nacional bloquista, independentemente de quem teve culpa pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2022 – para o BE, foi o PS – continua a ser possível a construção de “maiorias parlamentares de esquerda” em que tudo vai depender “da relação de forças” resultantes dos votos dos portugueses.

“Independentemente da apreciação do momento da crise – [o PS] foi falso, foi precipitado nesta vontade de ter uma maioria absoluta – independentemente desse julgamento, toda a gente percebe em Portugal que a situação de impasse político e a situação de uma espécie de pântano na vida nacional, em que os problemas não são resolvidos, é uma situação que não pode continuar”, considerou.

Para Catarina Martins, “é preciso um ciclo novo” que não será trazido nem por uma maioria absoluta do PS nem “pela direita ou pela extrema-direita” que, resume, “acha sempre que o salário mínimo é alto” e não quer “reforçar os serviços públicos”.

Face à posição do secretário-geral do PS, António Costa, que pediu “metade mais um” dos votos, por outras palavras, a maioria absoluta, Catarina Martins responde que “as pessoas sabem o que é a maioria absoluta do PS”.

Esse é também o argumento que utiliza quando questionada sobre se receia perder votos para o PS e o efeito do chamado “voto útil”: “As pessoas têm memória” e “bem sabem o que é uma maioria absoluta do PS, são recibos verdes, são privatizações”.

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