BCE não deve ter “atitude de falcão” para responder às necessidades da economia, diz Centeno

  • ECO
  • 17 Janeiro 2022

Governador do Banco de Portugal disse ao espanhol El País que BCE deve saber ler o atual ambiente na Europa, diferente do existente nas anteriores crises, e não deve ser “guerreiro” ou “falcão”.

Mário Centeno disse ao jornal espanhol El País (acesso livre, conteúdo em espanhol) que o Banco Central Europeu (BCE) deve saber ler as transições que estão a ocorrer na Europa, nomeadamente na resposta coordenada à crise da pandemia, diferente daquela que foi dada nas anteriores crises de 2008 e 2011, e que “não deve ter uma atitude guerreira ou de falcão” para responder às necessidades da economia.

“2020 foi o primeiro momento em que as políticas monetárias e orçamentais na Europa atuaram de forma coordenada. E como a crise não era estrutural, não houve receios de risco moral, que sempre existem na Europa de que uns se comportam bem e outros não tão bem. Felizmente conseguimos unir-nos, ao contrário de 2008 e 2011. Isto também cria um ambiente diferente nos debates no BCE de reconhecimento da Europa como um todo”, sustentou o português que faz parte do conselho de governadores do banco central liderado por Christine Lagarde.

Com a inflação em máximos desde a criação da Zona Euro, tem crescido a pressão para o BCE apertar a política monetária e começar a subir os juros, como vai fazer a Reserva Federal norte-americana já este ano.

Centeno voltou a argumentar que ainda se está perante um fenómeno temporário de alta inflação, pelo menos seguindo aquilo que está definido na estratégia do BCE, que trabalha para um objetivo de 2% no horizonte de dois anos.

Se a inflação dentro de dois anos se encontra abaixo dos 2%, não temos porque reagir de forma antecipada a esse aumento”, sublinhou o governador do Banco de Portugal.

Ainda assim, Centeno disse que as taxas de juro perto de zero não são confortáveis nem para o BCE nem para o funcionamento da economia.

Questionado ainda pelo jornal espanhol sobre se Portugal perdeu a soberania do seu sistema financeiro, Mário Centeno referiu que ainda há espaço para alguma consolidação na banca portuguesa e destacou o papel da Caixa Geral de Depósitos no mercado nacional que tem grande presença de bancos espanhóis: “A presença de um banco público e bem capitalizado é uma âncora que não existia no passado”.

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