Da escassez de talento à saúde mental e paridade de género. 10 tendências em gestão de pessoas para 2022

A atração e formação de talento, a saúde mental, a flexibilidade e a paridade de género são algumas das tendências previstas pelo ManpowerGroup para 2022.

Não faltam ambições entre os empresários ao nível da contratação de talento, mas encontrar o profissional certo continua a ser extremamente desafiante. No último trimestre de 2021, seis em cada dez empresas não conseguiram encontrar pessoas com as competências de que necessitam no mercado de trabalho. E 2022 continua a colocar a atração e formação de talento no centro das prioridades, bem como a saúde mental, a flexibilidade e a paridade de género, revela o ManpowerGroup.

“A escassez de talento mostra-se uma realidade cada vez mais presente, ao alcançar valores máximos em 15 anos”, refere o grupo especializado em recursos humanos, comentando uma investigação sobre as tendências em recursos humanos para 2022 a que a Pessoas teve acesso.

Estas são as dez principais tendências que o ManpowerGroup entende que as organizações devem considerar na definição e implementação da estratégia de gestão de talento, de forma a criar uma melhor proposta de valor para os colaboradores e manter a competitividade no mercado de trabalho.

1. Maior capacidade de escolha

Devido à escassez de profissionais, a escolha no que respeita à organização para a qual se quer trabalhar estará ao alcance de um número crescente de profissionais. “A par dos elementos de retribuição, os trabalhadores exigirão cada vez mais flexibilidade e autonomia, bem como uma cultura de confiança e um foco crescente no propósito organizacional e nos valores sociais e ambientais”, antecipa o grupo, em comunicado.

Centrando-se nestes eixos, as empresas poderão criar propostas de valor competitivas e em linha com as preferências da sua base de talento, defende.

2. Trabalho, sem depender do escritório

Depois de quase dois anos de pandemia e, com isso, um modelo de trabalho mais flexível e híbrido, os profissionais não querem perder a autonomia conquistada. “Valorizam cada vez mais o equilíbrio entre a casa e o trabalho, e a possibilidade de poder conjugar flexibilidade, interação e colaboração, de uma forma que responda às suas aspirações.”

Neste sentido, os modelos de trabalho híbridos e remotos serão mais procurados do que nunca e as equipas de recursos humanos terão pela frente o desafio de repensarem a contratação, o onboarding e o bem-estar dos trabalhadores, num mundo do trabalho cada vez mais digital e híbrido.

3. Escassez de talento põe foco na requalificação

“Os níveis recorde de escassez de talento e o gradual aumento dos salários significam que os mercados de trabalho estão a ser fortemente solicitados. Face a este contexto, os empregadores precisam de ser cada vez mais criativos e flexíveis, para garantir a atração, o compromisso e requalificação das suas equipas, numa altura em que são exigidas aos profissionais cada vez mais competências, tanto técnicas como humanas”, alerta.

A requalificação dos trabalhadores, defende a recrutadora, permitirá abordar a atual escassez de talento, confirmando-se, cada vez mais, como um fator de atração de talento.

4. Transformação digital é tecnológica, mas também humana

É certo que a aplicação de analítica de dados e inteligência artificial permitirá prever o potencial de desempenho de cada trabalhador, a sua adequação face a futuras oportunidades profissionais, bem como aumentar a diversidade e reduzir as desigualdades. Mas as organizações são, ao mesmo tempo, cada vez mais conscientes da importância do binómio talento e tecnologia no sucesso da transformação digital.

“O impulso das competências humanas e da cultura certa ganham, assim, protagonismo como a chave para o progresso digital.”

5. Esforço consciente em prol da paridade

A forte redução no número de trabalhadores dedicados aos setores mais impactados pela pandemia, e tipicamente mais femininos — como é o caso da restauração e hotelaria, mas também educação e saúde — “deverá ser compensada com um aumento no acesso a oportunidades em setores de crescimento, onde as mulheres estão ainda sub-representadas, como é o caso da tecnologia”.

No entanto, e de acordo com o relatório de 2021 do World Economic Forum, serão já necessários 135 anos para alcançar a paridade de género, num intervalo de tempo que tem vindo a aumentar gradualmente em consequência da crise pandémica. “Deverá, por isso, existir um esforço de inclusão consciente por parte das empresas, que considere elementos como a flexibilidade, a mentoria ou a valorização dos resultados, em vez da presença no escritório, para se conseguirem os desejados progressos na paridade de género no pós-pandemia”, defende o ManpowerGroup.

6. Cultura organizacional ganha (ainda mais) importância

Considera a “cola” de qualquer organização, “nesta remodelação da cultura empresarial, uma liderança empática e pronta para um mundo digital será um fator relevante”. Essa liderança será mais capaz de garantir a permanência das pessoas na companhia.

7. Prevenção da saúde mental

“A necessidade de quebrar o estigma destas doenças exigirá que os empregadores sejam explícitos acerca do seu dever crescente de proteção da saúde mental. Assistiremos, assim, a uma crescente implementação de medidas de prevenção do esgotamento, bem como à revisão de políticas, benefícios e cultura organizacional, no sentido de promover a resiliência de trabalhadores e empresas” antecipa o grupo.

8. Diversidade, equidade e inclusão. Das palavras aos atos

Também em questões relacionadas com política, raça, identidade e cultura, as empresas são, cada vez mais, chamadas a tomar posições sobre temas sociais. Em 2022, as organizações “deverão atuar de forma transparente e visível no sentido de promover diversidade, equidade, inclusão e sentimento de pertença, a nível interno e na sua relação com a sociedade, contribuindo para que todos possam beneficiar da recuperação económica e do progresso tecnológico.”

9. Alterações climáticas

Outros dos temas que o ManpowerGroup destaca para 2022 é a questão da transparência em torno do investimento socialmente responsável e a convergência de normas de combate às alterações climáticas, que, na sua opinião está a criar urgência para que empresas assumam a liderança na temática ambiental.

“Desta forma, a legislação em torno da ação climática e os compromissos organizacionais com as emissões zero são cada vez mais comuns, como forma de reduzir o impacto ambiental das organizações e posicioná-las como entidades responsáveis no tema da sustentabilidade.”

10. Agilidade e resiliência das organizações

“Modelos operacionais e de gestão de pessoas mais ágeis emergirão para responder às atuais transformações no mercado. Neste sentido, a capacidade de transformar dados em insights significativos será fundamental para minimizar os riscos na gestão do talento e otimizar a organização do trabalho, incluindo por exemplo modelos como o trabalho em freelance ou a contrato, que ganham crescente apetência, tanto por parte de empresas como de trabalhadores.”

As dez tendências previstas pelo ManpowerGroup para a área dos recursos humanos para o ano de 2022 resultam da investigação e interpretação de dados recolhidos a nível global e de insights resultantes das relações com clientes, candidatos e parceiros, numa análise que permite às organizações a compreender o contexto atual e futuro do mundo do trabalho e os principais impactos na gestão do talento.

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