Fed sinaliza subida dos juros em março para combater inflação
A Reserva Federal norte-americana sinalizou na reunião desta quarta-feira que vai subir os juros em março para combater a aceleração da taxa de inflação nos Estados Unidos.
Na sua primeira reunião de 2022, para contrariar a aceleração da taxa de inflação nos Estados Unidos, a Reserva Federal norte-americana sinalizou no comunicado da reunião desta quarta-feira que está pronta para subir os juros em março, encarecendo o “preço” do dinheiro. Neste momento, os juros estão em níveis historicamente baixos, entre 0% e 0,25%. A concretizar-se, será a primeira subida desde dezembro de 2018.
“Com a taxa de inflação bem acima dos 2% e um mercado de trabalho forte, o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) espera que em breve seja apropriado aumentar o intervalo dos juros federais“, lê-se no comunicado divulgado esta quarta-feira, onde se refere que a Fed decidiu continuar a reduzir o ritmo mensal da compra líquida de ativos, “terminando-a no início de março”. Na reunião anterior, o comunicado da Fed referia que o apropriado era manter os juros naquele momento, mas apontava para três subidas de juros em 2022.
Em dezembro, a taxa de inflação atingiu os 7%, o valor mais elevado desde 1982, numa altura em que a economia norte-americana já está acima do nível pré-pandemia. Ainda assim, ficou dentro do esperado pelos economistas, tendo existido algum receio de que fosse além do esperado. A previsão da Fed divulgada em dezembro para a taxa de inflação em 2022 é de 2,6%, mas poderá ser revista em alta.
Será na reunião de 15 e 16 de março que a equipa de economistas da Fed vai divulgar novas projeções económicas, o que deverá dar mais informação ao banco central para tomar decisões sobre o rumo da política monetária. Nesse mês acabará o programa de compras líquidas de ativos, nomeadamente dívida pública e privada, que a Fed lançou por causa da pandemia como estímulo monetário. A redução do balanço acumulado de quase 9 biliões de dólares começará após a subida dos juros.
No comunicado, a instituição liderada por Jerome Powell assinala que o rumo da economia continua a depender do vírus, argumentando que o progresso na vacinação e a redução dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento deverão levar à travagem da inflação. A Fed continua a relacionar os “níveis elevados de inflação” com os desequilíbrios entre a procura e a oferta relacionados com a reabertura da economia.
Após o anúncio da Fed, os três principais índices norte-americanos aceleraram os ganhos desta sessão. O Dow Jones sobe 1,4%, o S&P 500 valoriza 2,2% e o Nasdaq soma 3,3%, após uma série de sessões de fortes perdas nas sessões anteriores. Esta reação dos mercados financeiros mostra que a decisão da Reserva Federal está em linha com as expectativas dos investidores.
Powell promete “humildade” nas próximas decisões da Fed
Na conferência de imprensa, após a divulgação do comunicado, o presidente da Fed prometeu que terá “humildade” e uma comunicação transparente nos próximos passos que a Reserva Federal dará neste período em que tenta equilibrar a recuperação da economia com a luta contra a aceleração da inflação. Assegurando que vai adaptar-se à realidade neste momento de incerteza, Powell reconheceu que a subida dos preços está a pressionar o orçamento de muitos cidadãos, nomeadamente no custo dos alimentos e habitação.
Um dos pontos que terá a atenção da Fed é a subida dos salários nos Estados Unidos, principalmente se o crescimento dos salários exceder a evolução da produtividade, dado que terá uma pressão inflacionista. Powell acrescentou que há “algum espaço de manobra” para aumentar os juros sem afetar negativamente o mercado de trabalho uma vez que está “muito forte”.
Reconhecendo que as expectativas dos agentes económicos são uma parte muito importante da condução da política monetária, o presidente da Fed afirmou que utilizará todos os instrumentos para que os atuais níveis elevados de inflação não fiquem “enraizados”. Mas admitiu que a situação tem “piorado ligeiramente” uma vez que os problemas que estão a aumentar os preços têm-se mostrado “mais persistentes” do que o esperado anteriormente.
(Notícia atualizada às 20h15 com mais informação)
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