Tensão na Ucrânia vai fazer subir preços da luz e do gás em Portugal, diz Governo

O secretário de Estado da Energia diz que o abastecimento de gás não está em risco, mas os preços vão disparar, com efeitos imediatos na produção de eletricidade e nas contas das famílias e empresas.

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, admitiu esta terça-feira que a tensão na Ucrânia e a possibilidade de Moscovo cortar o abastecimento de gás à Europa, como retaliação pelas sanções dos EUA e de Bruxelas, não afetará Portugal, tendo em conta a baixa dependência do país do gás russo.

“O principal risco é de aumento de preço e não de volume, para Portugal. Os preços já estão a subir, com efeito direto no gás natural e efeito indireto na eletricidade. Esta situação não pode deixar de se refletir no preço da luz e no preço do gás, afetando sobretudo a indústria e a as centrais térmicas de ciclo combinado”, disse Galamba em declarações à Rádio Observador.

De acordo com o governante, os preços do gás natural estão agora acima dos 80 euros por MWh, mas já chegaram aos 130 MWh, sem avançar estimativas para os próximos tempos. “Veremos como vai reagir”.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, reconhece o efeito imediato nos produtores industriais, mas garante que os consumidores de luz, pelo menos os que estão no mercado regulado, não serão atingidos para já.

“O preço do gás já está a subir e quem usa diretamente gás natural vai sentir esse aumento porque é inevitável. Portugal não fixa esse preço, é o preço de uma matéria-prima a nível mundial. Cerca de 35% da eletricidade que é gerada em Portugal é através de gás natural. Mas isso significa um aumento na origem, mas não significa um aumento para os consumidores, pelo menos na tarifa regulada. Mas os produtores industriais vão sentir mais o impacto deste aumento dos preços do gás natural”, disse por seu lado o ministro aos jornalistas à margem de uma conferência da CIP.

Galamba garantiu também que o Governo tem estado em contacto permanente com a REN e não existe qualquer risco de rutura de stocks de gás em Portugal e que está garantida a segurança do abastecimento ao país. “Pode sim haver um impacto no preço das importações, mas será uma tendência global, admitiu.

O secretário de Estado revelou ainda que Portugal importa gás sobretudo da Nigéria, Estados Unidos e Trinidad e Tobago. Estando o regresso a maiores importações de gás argelino também em cima da mesa. No entanto, em 2021, a Rússia foi o 3º maior fornecedor de gás natural ao país.

Na sua visão, para ultrapassar a forte dependência face ao gás russo (40%), a Europa tem de repensar a sua estratégia e aproximar-se do perfil da Península Ibérica: diversificar fornecedores e apostar mais no Gás Natural Liquefeito, transportado por navios metaneiros, lembrando que os Estados Unidos já reforçaram a sua capacidade de exortação de gás por essa via para a Europa.

Uma das portas de entrada do gás americano na Europa, diz Galamba, podia ser o Porto de Sines. “No entanto há ainda a limitação da interligação ente Espanha e França. O gasoduto nos Pirinéus existe mas tem pouca capacidade. O papel dos portos da Península Ibérica tem de ser repensado, apesar da resistência de França”, rematou Galamba, relembrando que “a melhor defesa contra a dependência do gás natural é investir mais nas renováveis”.

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