Lucro do BCP cai 25% para 138 milhões com problemas na Polónia a custarem 530 milhões
Banco liderado por Miguel Maya registou um lucro de 138,1 milhões de euros em 2021, menos 25% do que no ano anterior, depois dos encargos de 530 milhões com os riscos a carteira de crédito na Polónia.
O BCP BCP 0,00% obteve lucros de 138,1 milhões de euros no ano passado, o que representa uma queda de 25% em relação ao ano anterior, com o banco a justificar o resultado com os encargos de 532,6 milhões de euros para se proteger dos riscos associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia.
Sem estes encargos, a instituição liderada por Miguel Maya diz que os lucros seriam de 404,9 milhões de euros, mais 56,6% em relação a 2020.
Aqueles riscos estão relacionados com o chamado caso “Francowicze”. Na década de 2000, os polacos contraíram empréstimos em francos suíços para beneficiarem de um zloty forte e de taxas de juro baixas na Suíça. Porém, com a crise, a moeda helvética disparou no mercado cambial, agravando o valor das dívidas das famílias para níveis impagáveis. O BCP enfrenta mais de 11 mil processos nos tribunais polacos.
A penalizar as contas estiveram ainda os custos de 90,7 milhões de euros relacionados com o plano de saídas (saíram 724 trabalhadores no ano passado, uma redução de 10% dos quadros), que o CEO do banco considerou um “processo difícil” mas “importante” para assegurar o futuro do banco. Também as contribuições obrigatórias para o setor bancário pesaram nos resultados: tiveram um peso de 56,2 milhões, de acordo com o comunicado enviado esta segunda-feira ao mercado.
Os analistas esperavam um lucro de 155 milhões de euros, pelo que o lucro anunciado pelo banco ficou aquém do esperado.
Negócio aumenta
Apesar da queda do resultado, o BCP apresentou uma subida dos indicadores de negócio, incluindo um aumento de 4,5% do crédito a clientes para 56,4 mil milhões de euros e de 6,6% dos recursos totais de clientes para 90,1 mil milhões. Os depósitos dos clientes aumentaram 7,8 mil milhões.
A subida dos volumes ajudou a aumentar margem financeira, num período em que todo o setor sente a pressão provocada pelos juros baixos do Banco Central Europeu (BCE): o BCP viu a margem subir 3,7% para 1,59 mil milhões de euros. “Resultou de maior atividade, de mais crédito sobretudo. Beneficiou também dos menores custos com o wholesale funding”, justificou Miguel Maya na conferência de resultados.
Já as comissões aumentaram 7,6% para 727,7 milhões de euros por causa da “melhoria da transacionalidade” com o alívio das restrições da pandemia e também de mais negócios no mercado acionista.
Tudo somado, o banco registou uma subida de 3,4% do produto bancário para 2,3 mil milhões.
Os custos operacionais subiram 2,3% para 1,1 mil milhões de euros. Sem os encargos com a reestruturação, os custos descem quase 2% para 1,02 mil milhões. Em Portugal, o rácio cost-to-income caiu de 46% em 2020 para 43% em 2021, com Miguel Maya a destacar o aumento da eficiência como “absolutamente fulcral” para a instituição.
Rentabilidade cai, rácios também
Refletindo a quebra nos lucros, a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do BCP caiu 0,7 pontos percentuais para 2,4%, e também os rácios de capital registaram uma deterioração, embora o banco saliente que estão “acima dos requisitos regulamentares”. O rácio de capital total e o rácio CET1 fully implemented situam-se nos 15,8% e 11,7%, respetivamente.
O banco dá ainda conta de uma redução dos ativos não produtivos, com o NPE (non performing exposure) a cair 500 milhões de euros, “mesmo num contexto adverso”, sublinhou Miguel Maya.
(Notícia atualizada às 17h39)
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