BCP defende-se do perdão ao Sporting: negócio “minimiza perdas” do banco
Banco liderado por Miguel Maya diz que venda da dívida do Sporting com desconto de mais de 70% permite eliminar exposição aos clubes de futebol e que processo de venda "minimizou perdas".
O BCP defende o negócio da venda da dívida ao Sporting, que resultou num perdão elevado aos leões, dizendo que todo o processo “permitiu definir o preço que minimiza as perdas” do banco, além de cortar definitivamente a exposição aos clubes de futebol.
Há uma semana, o Sporting anunciou que recomprou os Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) no valor de 82 milhões de euros ao BCP, sem adiantar detalhes da operação. Ainda assim, como avançou ECO na altura, os títulos foram vendidos pelo banco com um desconto acima de 70% que já estava previsto no acordo celebrado em 2019, e que juntou também o Novobanco.
Ou seja, o BCP ficou a perder mais 55 milhões de euros com os VMOC do Sporting, isto enquanto um outro crédito de cerca de 40 milhões dos leões junto do banco foi vendido ao fundo Apollo também com desconto. Também não foram revelados pormenores desta transação.
Agora, uma semana depois, o banco liderado por Miguel Maya vem publicamente fazer a defesa desta operação. Por um lado, lembra que há vários anos anunciou que “ia sair do financiamento aos clubes de futebol” e que o Sporting era a única exposição àquela indústria no final de 2021, segundo adianta fonte oficial do banco ao ECO.
Por outro, argumenta que “esses ativos, créditos, VMOC e todas as exposições [do Sporting] passíveis de serem alienadas foram colocadas em mercado junto de investidores institucionais num processo estruturado, que permitiu definir o preço que minimiza as perdas do BCP”.
O BCP tornou público há vários anos que ia sair do financiamento aos clubes de futebol. No final de 2021, apenas mantínhamos a exposição ao Sporting. Esses ativos, créditos, VMOC e todas as exposições passíveis de serem alienadas foram colocadas em mercado junto de investidores institucionais num processo estruturado, que permitiu definir o preço que minimiza as perdas do BCP.
Se mantivesse os VMOC na sua posse, o BCP arriscava a entrar no capital da SAD do Sporting em caso de conversão dos títulos, com uma participação de 40%, podendo vir a ter de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o restante capital. Com a venda dos VMOC elimina este risco, enquanto consegue recuperar parte da dívida.
Além do BCP, também o Novobanco estava em negociações com o Sporting por causa de uma dívida a rondar os 118 milhões de euros, dos quais 50 milhões dizem respeito aos VMOC. Contudo, o banco liderado por António Ramalho não aceitou ainda qualquer acordo com a SAD leonina.
Os dois bancos tinham contratado no início do ano a Rothschild para vender a dívida total de 240 milhões de euros (incluindo 128 milhões de euros relativos aos VMOC) do Sporting.
Conforme avançou o ECO, este processo atraiu vários interessados, incluindo o próprio Sporting com o apoio do fundo Apollo (o clube tinha o direito de preferência sobre os VMOC e estava na frente da corrida), e ainda o Bank of America, o fundo Carlyle e da RedBird Capital, este último acionista da Fenway Sports, fundo que detém o clube inglês Liverpool.
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