Empregadores nacionais otimistas em relação a contratações no segundo trimestre
Em janeiro, antes do começo da guerra na Ucrânia, cerca de 45% dos empregadores nacionais esperava proceder a contratações durante o segundo trimestre de 2022.
O ano de 2022 arrancou com perspetivas otimistas de criação de emprego e, na antevisão do segundo trimestre, 44% dos empregadores nacionais esperavam aumentar as suas contratações. Apenas 15% planeava diminuir a sua força de trabalho e 39% previam não proceder a qualquer alteração quanto ao número de elementos na sua equipa. O “Employment Outlook Survey”, do ManpowerGroup, traduzia assim uma projeção para a criação líquida de emprego de 29% para o período de abril a junho de 2022, um ligeiro abrandamento face ao primeiro trimestre (-8 p.p), mas em crescimento de 30 p.p face ao período homólogo de 2021. Os resultados não refletem, contudo, o impacto do conflito na Ucrânia.
“Partindo de uma análise pré-conflito, o sentimento dos empregadores portugueses era muito positivo. Apesar de já serem observáveis alguns sinais de alerta ao nível dos desequilíbrios nas cadeias de abastecimento e da pressão inflacionista, as perspetivas de crescimento da atividade económica, com o fim da aplicação das medidas de combate à pandemia, tanto em Portugal como nos nossos principais parceiros económicos, deixava antever um desenvolvimento da atividade e importantes necessidades de talento para sustentar esse crescimento”, começa por explicar Rui Teixeira, chief operations officer do ManpowerGroup Portugal.
“A guerra na Ucrânia veio agravar esses sinais de incerteza, com a subida na inflação e a redução do PIB da zona Euro já confirmados pelo BCE. Não obstante, as políticas que começam a ser propostas para limitar o impacto nos setores mais expostos à subida nos preços de combustíveis, energia e matérias-primas, tanto a nível nacional como na União Europeia, poderão mitigar os efeitos na economia como um todo e na criação de emprego. Vivemos um momento de grande incerteza e teremos de ir acompanhando o impacto destas medidas, bem como a escalada e duração do conflito, para conseguirmos avaliar até que ponto estas projeções se irão aproximar da realidade”, continua o gestor, citado em comunicado.
Restauração e hotelaria, tecnologias de informação, telecomunicações e media tinham os planos mais ambiciosos
Independentemente do setor analisado, os empregadores portugueses esperavam aumentar as suas equipas durante os próximos três meses, confirmando a tendência já observada no trimestre anterior e espelhando um forte aumento face às previsões do segundo trimestre de 2021.
O setor da restauração e hotelaria apresentava as perspetivas mais animadoras, com uma projeção de 43%, acentuando em um p.p o crescimento nas contratações já avançado no trimestre anterior.
Os empregadores do setor das tecnologias de informação, telecomunicações, comunicações e media seguiam a mesma tendência, avançando uma projeção para a criação líquida de emprego de 40%. Este setor abrandava, contudo, ligeiramente o crescimento nas suas perspetivas de contratação, com uma diminuição de nove p.p face às previsões do trimestre anterior.
Também o comércio grossista e retalhista estava igualmente otimista, com uma subida de um p.p. para os 37%.
Por outro lado, os setores da produção primária e da indústria eram os que avançavam um menor ritmo de contratação. A projeção para a criação líquida de emprego de 18% e 24%, respetivamente revelava, no entanto, um ligeiro crescimento de dois e três p.p de trimestre para trimestre.
Já os setores da banca, finanças, seguros e imobiliário, com uma projeção de 25%, caíam 23 p.p na comparação com os três primeiros meses do ano.
Grande Porto anunciava as previsões de contratação mais otimistas
A nível geográfico, todas as regiões de Portugal avançavam crescimentos nas contratações para o período de abril a março de 2022. Contudo, o Grande Porto indicava a projeção para a criação líquida de emprego mais ambiciosa, de 43%, 11 pontos percentuais acima das projeções do primeiro trimestre de 2022.
Também na região Centro as perspetivas eram positivas, situando-se nos 37%, traduzindo uma subida moderada, de seis p.p, face às previsões para o início do ano. A mesma tendência era seguida igualmente pela região Sul, com um crescimento de sete p.p, para 26%, e pela Grande Lisboa, com uma projeção de 29%.
A região com as perspetivas menos otimistas para este trimestre, apesar de favoráveis, era a região Norte, com uma projeção de 19%, traduzindo uma diminuição de 22 p.p, quando comparada com as previsões para os primeiros três meses do ano.
Maiores intenções de contratação nas pequenas e grandes empresas
As empresas de todas as dimensões esperavam ampliar a sua força de trabalho no próximo trimestre. Não obstante, eram as pequenas e as grandes empresas que anunciavam um ritmo de contratação mais próspero, com uma projeção para a criação líquida de emprego 33% e 31%, respetivamente.
As microempresas e as médias empresas, embora também prevejam reforçar as contratações, avançaram uma projeção menor, de 19% e 26%, respetivamente.
“Globalmente, observavam-se perspetivas de contratação otimistas, com 39 do total de 40 países e territórios analisados no estudo a anunciarem planos de contratação reforçados para o período entre abril e junho, muito embora em abrandamento de ritmo face ao primeiro trimestre do ano”, conclui o ManpowerGroup, que, para este estudo trimestral, entrevistou mais de 41.379 empregadores em 40 países e territórios.
A nível nacional foram inquiridos 504 empregadores durante o mês de janeiro, antes do conflito na Ucrânia. O impacto da guerra nos planos de contratação das empresas será mostrado no próximo relatório “ManpowerGroup Employment Outlook Survey”, publicado a 27 de maio.
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