Operadoras arriscam “não conseguir cumprir” metas do 5G na nova conjuntura

Atual conjuntura de inflação é desafiante para as operadoras portuguesas e pode ameaçar cumprimento das metas do 5G, alerta CEO da Vodafone. País podia estar mais avançado com menor custo.

As obrigações de cobertura do 5G terminam em 2025, mas o setor das telecomunicações arrisca não ser capaz de atingir os objetivos do Governo e da Anacom, por causa da nova conjuntura económica. O alerta foi dado esta quinta-feira pelo presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, no debate anual dos CEO das operadoras de telecomunicações, inserido no congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

O gestor mostrou-se preocupado com o aumento dos custos inerente à nova conjuntura económica de elevada inflação. Nesse contexto, o atraso no leilão de frequências no ano passado, pelo qual o setor responsabiliza a Anacom, teve um custo pesado para o país. Se o 5G tivesse sido lançado um ano mais cedo, o país estaria “mais avançado e a um custo menor”.

“A nós, foram-nos impostas datas fixas e obrigações de cobertura. Há um ano, teríamos equipamentos a outro custo e não tínhamos os constrangimentos que temos hoje. Corremos o risco de não conseguir cumprir aquela meta”, asseverou Mário Vaz, apesar de garantir que “o 5G vai ser um sucesso”.

Os CEO da Altice Portugal, Nos e Vodafone concordaram que o setor tem vindo a perder rentabilidade e criticaram a opção da Anacom de promover a entrada de um novo operador — os romenos da Digi.

“Existem países de grande dimensão que têm quatro operadores. Nós não somos um país de grande dimensão”, disse Miguel Almeida, presidente executivo do grupo Nos, que atacou uma Anacom “incompetente, ignorante, prepotente e alheia à realidade”, nas palavras do próprio.

Ana Figueiredo, que assumiu a liderança da dona da Meo há pouco mais de um mês, recordou, por sua vez, que 70% do tráfego que passa nas redes das operadoras corresponde a plataformas de streaming, videojogos, entre outros serviços chamados over-the-top (OTT).

Miguel Almeida acrescentou: “Netflix, Google e Facebook, pela ordem inversa, pagam zero por usar as nossas redes. Estas empresas pagam zero, mas faturam num dia o que nós faturamos num ano, e já nem falo da rentabilidade.” Para o líder da Meo, é um “desincentivo ao investimento”, até porque são norte-americanas e não pagam os impostos e taxas a que estão sujeitas as operadoras.

Já para o líder da Vodafone, a fraca rentabilidade está mesmo a afugentar os investidores nos mercados: “Se for investidor de bolsa, não vai investir em telecomunicações. Os investidores estão a tirar dinheiro das telecomunicações porque não têm retorno no investimento”, defendeu o gestor no debate do Estado da Nação das Comunicações.

(Notícia atualizada às 18h42 para clarificar declarações)

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