Guerra na Ucrânia desacelera mercado global de seguros com Portugal em retoma
Na próxima década, o mercado português de seguros deverá crescer levemente acima da taxa estimada para o conjunto da Europa. Portugal confirmará em 2022 retoma do ramo Vida, antecipa Allianz.
“Esperava-se que 2022 fosse mais um ano de grande crescimento para a indústria seguradora, mas a invasão da Ucrânia veio defraudar as expectativas,” afirma a Allianz no Global Insurance Report 2022, acabado de publicar. O volume de prémios deverá crescer cerca de ponto percentual (1 pp) mais lento do que o inicialmente previsto “dado o impacto da guerra na atividade económica e na confiança dos consumidores, mesmo considerando que a inflação assegura o crescimento dos prémios,” explica a seguradora alemã.
O estudo anual que analisa o desenvolvimento dos mercados de seguros a nível mundial perspetiva que, em 2022, os prémios cresçam globalmente +4,8%, com “contributo equilibrado” dos ramos de Vida e P&C (não Vida), aumentando respetivamente 4,9% e 4,6%. “Este valor deve ser considerado no contexto de uma taxa de inflação global de 6,2%,” assinala.
Alongando o horizonte do cenário, “os riscos crescentes das mudanças sociais, políticas e económicas impulsionam um crescimento global dos prémios de 4,8% ao ano durante a próxima década”, prevê a Allianz antecipando uma “retoma” para o mercado de seguros português, que “deverá crescer 3,4% por ano durante os próximos dez anos – após um declínio de -2,2% na última década.”
De acordo com o documento, os prémios cresceram 5,1% em 2021 a nível global (Vida +4,4% e P&C +6,3%) “em virtude de condições económicas favoráveis, crescente sensibilidade ao risco e um nível histórico de poupanças” impulsionado pela expansão dos mercados, quantificando o volume total de prémios de 2021 em 4,2 biliões de euros (EUR 4.2 trn na aceção anglo-saxónica), distribuindo-se 2,5 biliões por Vida e 1,7 biliões pelos seguros de P&C (não Vida).
“O que tornou 2021 realmente notável foi a composição do crescimento dos prémios: mais de dois terços foram gerados na Europa Ocidental e América do Norte, com o mercado dos EUA a representar metade deste aumento.” Assim, o final de 2021 apresenta resultados diferentes face aos da última década onde o crescimento foi muito inferior (+3,6% por ano, em média) e impulsionado pela Ásia, que tem representado 40% do crescimento de prémios, mais de metade subscritos na China. Como consequência, a quota de mercado global do país duplicou para 12%, desenvolve.
“A pandemia e a guerra na Ucrânia vieram exigir uma melhoria na gestão dos riscos e uma maior procura por proteção” afirma Ludovic Subran, Chief Economist na Allianz, salientando que questões da segurabilidade e acessibilidade económica tornar-se-ão cada vez mais urgentes nos próximos anos.”
Perspetivando década “decisiva” e apesar das grandes incertezas atuais, “não estamos muito pessimistas quanto ao futuro mais distante. Afinal, estas incertezas são precisamente o terreno fértil para uma maior sensibilização ao risco; reforçam impacto das duas megatendências das alterações climáticas e demográficas, que continuarão a ser os principais fatores para a procura de proteção contra o risco,” pode ler-se num comunicado divulgado pela Allianz.
Portugal a crescer levemente acima da Europa na próxima década
Em termos gerais, a Allianz espera assim crescimento anual de +4,8% no mercado global durante os próximos 10 anos (Vida: +4,9%; P&C: +4,6%). Isto corresponde a um aumento do volume de prémios em 67% ou 2,8 biliões de euros até 2032, dos quais cerca de 1,8 biliões serão gerados pelo segmento Vida (+69%) e pouco mais de 1 000 000 000 000 euros pelo segmento P&C (+63%), perspetiva o grupo segurador que é #1 no ranking do setor na Europa.
Aplicando a sua retrospetiva ao mercado segurador português, que registou um crescimento excecionalmente elevado de 36,8% em 2021, impulsionado por “uma forte recuperação no mercado dos seguros de Vida” (+68,5%), que quase atingiu – após dois anos de estagnação – o nível de 2018, enquanto os prémios no segmento de não-Vida também registaram um aumento, acima da média, de 3,9%, em termos de comparação regional, a Allianz afirma que “o rápido desenvolvimento do ano passado não deve esconder o facto de que a última década foi uma década perdida, especialmente no que diz respeito ao mercado de seguros de Vida,” pois o volume total de prémios decresceu 2,2% por ano nesse período (Vida: -4,0%, P&C: +2,1%), quantifica o documento.
Para 2022, “esperamos um crescimento mais normal de 3,1%,” decomposto por Vida, com variação de 2,8% e P&C 3,7%. Durante a próxima década, “o crescimento médio deveria atingir 3,4% por ano (Vida 3,4%, P&C 3,5%). “Isto seria uma reviravolta significativa em comparação com a década anterior”, uma vez que o negócio de Vida deverá “regressar a uma trajetória de crescimento (moderado),” prevê a Allianz.
Fixando o ponteiro na Europa Ocidental, a análise recorda o aumento de 3,6% no volume total dos prémios (Vida: 3,8%, P&C: 3,3%) tendo excedido uma receita de 1,1 biliões de euros em 2021. Refletindo o impacto da guerra da Ucrânia, “é provável que o crescimento recue para 2,9%” (Vida 2,8%, P&C 3,1%).
Mas, daqui em diante, prevê ainda a companhia alemã, “espera-se também uma aceleração na Europa, com um crescimento médio nos próximos dez anos previsto de 3,3%” (Vida 3,3%, P&C 3,3%), bem acima do nível da última década (1,6%), que foi prejudicado não só pela Covid-19 mas também pela crise na zona euro. “Ambas as linhas de negócio podem beneficiar indiretamente das recentes crises”, comentou Patricia Pelayo Romero, Expert Insurance and ESG na Allianz SE e coautora do relatório.
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