BCE revê em alta previsão de inflação para 6,8% este ano

A taxa de inflação irá acelerar para 6,8% este ano antes de descer para 3,5% em 2023 e 2,1% em 2024, avança o BCE.

O Banco Central Europeu (BCE) reviu em alta a previsão de inflação para este ano. De acordo com as projeções avançadas esta quinta-feira, o banco central espera uma taxa de inflação de 6,8% este ano, o que está acima da meta definida pelo conselho de governadores de 2%, no médio prazo.

A taxa de inflação irá acelerar para 6,8% este ano antes de descer para 3,5% em 2023 e 2,1% em 2024, avança o BCE que este reunido esta quinta-feira, num encontro do qual saiu a indicação de que os juros vão subir em julho e novamente em setembro, uma decisão que pretende travar a escalada de preços. Será precisamente o nível de inflação que irá determinar a dimensão do aumento da taxa diretora em setembro, explicou em conferência de imprensa, Christine Lagarde, que reconheceu, contudo, que a subida da taxa diretora em 25 pontos base “não terá impacto imediato na inflação”.

Em março, os economistas do BCE calculam que a taxa de inflação ia acelerar para 5,1% em 2022 na Zona Euro, o que já era uma revisão em alta face À previsão anterior que apontava para uma taxa de inflação de 3,2% em 2022.

“A inflação elevada é um grande desafio para todos. O Conselho do BCE assegurará que a inflação regressa à sua meta de 2% no médio prazo”, lê-se no comunicado. Os economistas do BCE reviram “significativamente em alta as projeções de base”, que “indicam que a inflação permanecerá indesejavelmente elevada por algum tempo”, admite o banco central. Ainda assim, a “moderação dos custos de energia, a atenuação das interrupções de abastecimento relacionadas com a pandemia e a normalização da política monetária deverão conduzir a uma descida da inflação”.

As novas previsões da instituição liderada por Christine Lagarde para a inflação subjacente, ou seja excluindo os preços da energia e dos alimentos, também foram revistas em alta face aos valores apontados em março para 3,3% este ano, 2,8% em 2023 e 2,3% em 2024. Valores que estão ligeiramente acima da meta definida pelo conselho de governadores. Lagarde sublinhou a subida dos preços da energia — que se deverão manter elevados nos próximos meses –, e dos alimentos, o que revela a importância da Rússia e da Ucrânia.

Depois do Eurostat ter revelado que a inflação da Zona Euro atingiu, em maio, um novo recorde de 8,1%, o optou por retirar os estímulos que já vigoravam há quase uma década, como por exemplo o programa de compra de ativos. O objetivo é travar o rápido crescimento dos preços antes que este se alastre ao resto da economia e se perpetue através de uma espiral difícil de quebrar em que os preços forçam aumentos salariais e este por sua vez alimentam o agravamento dos preços. Lagarde garante que não existe no momento qualquer espiral inflacionista, mas reconhece que tem havido, desde março, um aumento dos salários.

Mas o BCE tem pela frente a difícil tarefa de conseguir travar a inflação sem comprometer o crescimento. E nesta quinta-feira já reviu em baixa “significativamente” as previsões de crescimento para o Eurossistema, projetando um crescimento anual real do PIB de 2,8% em 2022 e de 2,1% em 2023. Lagarde garante que quando as turbulências passarem, as economias regressarão a uma trajetória de crescimento, graças à retoma de setores que foram afetados pela pandemia, como o turismo, um mercado de trabalho forte, o apoio dos fundos europeus e os elevados níveis de poupança.

Mas, um prolongar da guerra na Ucrânia, com disrupções adicionais no fornecimento da energia e novas restrições nas cadeias de abastecimento, poderá manter os preços dos alimentos elevados, alertou Lagarde que considera este um risco ao cenário definidos pelos economistas. A presidente do BCE reconheceu que “a inflação está indesejavelmente alta e permanecerá acima da meta de médio prazo 2% durante algum tempo”.

Questionada sobre a eficácia das medidas sobre a inflação devido à sua natureza, Lagarde admite que “uma porção larga da inflação é atribuível a comercio, é inflação importada, mas não é só”. Cerca de 17% dos itens analisados estão acima de 2%, uma tendência que “é em parte afetado pela energia mas não só”, acrescenta. Além disso, o banco central está também “muito atento aos salários e ao risco de espiral da inflação”, que por agora está controlado.

Já quanto ao timings do efeito das medidas na inflação, a presidente do BCE admite que este não será imediato, até porque “os custos de financiamento já aumentaram”. Mas é um sinal que está a ser dado e “vai ter impacto”, defende, apontando que é necessário “manter no caminho, ser determinados e comprometidos à meta de 2%”.

(Notícia atualizada com mais informação às 14h40)

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