Andreia queria publicidade e João era dentista. Agora são programadores
Programa Switch transforma qualquer pessoa num programador mesmo que não tenha bases informáticas. Há 60 vagas e estágio pago garantido numa das mais de 30 empresas parceiras.
Andreia Sousa estudou comunicação e queria uma carreira na publicidade. João Sousa apostou na Medicina Dentária e atendeu pacientes durante sete anos. Apesar de virem de áreas diferentes, ambos mudaram de carreira e agora são programadores em duas tecnológicas da região do Porto. Ganharam qualidade de vida e nunca se sentiram tão realizados e respeitados no local de trabalho.
O Switch foi o programa que mudou a vida de Andreia e de João. A caminho da sexta edição, a iniciativa transforma qualquer pessoa num profissional da programação em nove meses. Depois disso, há um estágio profissional pago numa das mais de 30 empresas da associação Porto Tech Hub, responsável pelo projeto.
Valorização da carreira
Em 2018/2019, Andreia Sousa foi uma das participantes. Depois de ter tirar um mestrado em tecnologias de comunicação multimédia, no ISMAI, decidiu ir à procura de trabalho a tempo inteiro. “Todos os empregos a que me candidatava pediam experiência…que eu não tinha por ter saído da faculdade ou os ordenados eram muito baixos para aquilo que eu merecia depois de ter investido na minha educação”, recorda, em conversa com o ECO.
Afastado o cenário de trabalhar por conta própria, a vida de Andreia começou a mudar depois de uma palestra do IEFP. “Liguei ao meu pai e disse-lhe: ‘Vou inscrever-me neste curso. É tão bom que parece mentira. Vou ter a possibilidade de fazer algo que não é a minha área, estão a permitir-me trabalhar numa área em grande ascensão e numa coisa de que gosto. Não tenho como ficar a perder: mesmo que não fique depois do estágio, tenho um mundo pela frente‘”.
A chegada ao curso de nove meses, mesmo assim, não foi tão às escuras como se poderia imaginar. No ensino secundário, Andreia tinha frequentado um curso tecnológico e chegou a ter aulas de algoritmia.
Melhores condições de vida
No caso de João, a mudança foi mais profunda, depois de sete anos na área da medicina dentária. “Estava insatisfeito com o equilíbrio da minha vida profissional e pessoal. A medicina dentária era muito exigente a nível de horários e as condições de trabalho não eram as melhores”, lembra.
Com vários amigos integrados na área tecnológica, João começou a procurar na internet por uma nova carreira, com a perspetiva que “sem formação de base não é fácil entrar nesta área”. Quando soube que o Switch tem um estágio pago incluído, a decisão estava tomada.
“É um curso ótimo para quem não tem bases de Matemática. Está tudo desenhado para as pessoas chegarem ao nível necessário para aprenderem software. João passou pela turma de 2019/2020 e enfrentou a passagem das aulas presenciais para a versão completamente remota.
60 vagas para 2022/2023
A turma de 2022 arranca dia 4 de outubro e aceita inscrições até 3 de julho. Há 60 vagas disponíveis e o preço da ‘propina’ é de 2.950 euros.
Na edição deste ano, as aulas serão totalmente presenciais, no Instituto Superior de Engenharia do Porto, e estão dedicadas a três módulos: engenharia e programação de software; metodologias, ferramentas e técnicas de apoio; e desenvolvimento ágil de uma solução de software num contexto empresarial.
O idioma do curso é o português mas recorrendo às bases do código de programação, totalmente em inglês. Há ainda sessões de partilha de experiências e projetos práticos com as empresas parceiras.
Andreia e João lembram-se bem da dureza das primeiras semanas da formação, o que os obrigou a dedicação total durante um ano. Mesmo assim, não encontram razões para “não fazerem este curso”.
Carreira tech sem marcha-atrás
Atualmente, Andreia Sousa é programadora front-end na Critical Software e João Sousa trata do desenvolvimento de testes automáticos na Fabamaq, tecnológica do Porto que desenvolve soluções para a indústria de jogos de casino.
“Nos outros trabalhos em que estive…somos só números e não há respeito. Atualmente, a minha empresa dá liberdade para fazer uma coisa que eu não podia. Sinto-me bastante realizada. Além disso, há sempre uma preocupação para saberem sempre quais são as minhas necessidades”, assinala Andreia.
João nem sequer pondera voltar aos consultórios e tratar da higiene oral dos pacientes, mesmo daqueles que eram os mais fiéis.
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Andreia queria publicidade e João era dentista. Agora são programadores
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