Exclusivo Grupo Montepio regista perda de 15,6 milhões com duas empresas russas

Montepio detinha 21,5 milhões em dívida de uma empresa de gás e outra de metalomecânica russas. Guerra obrigou a imparidades de 15,6 milhões que grupo espera reverter, pelo menos parcialmente.

O grupo Montepio registou uma perda de cerca de 15,6 milhões de euros com a exposição a duas empresas russas, uma de gás e outra metalomecânica, na sequência da guerra da Rússia na Ucrânia, iniciada há mais de quatro meses.

Em causa está um investimento que se encontrava avaliado em 21,5 milhões de euros no final do ano passado, mas que, “após o início da guerra e após a aplicação de várias medidas sancionatórias por parte dos países do ocidente à Rússia”, passou a valer apenas 5,9 milhões em maio, com o grupo mutualista liderado por Virgílio Lima a reconhecer uma perda de perto de 73% do justo valor, segundo indica no relatório e contas consolidado de 2021.

Ao ECO, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) esclarece que aquela exposição “está distribuída por duas entidades do grupo, mas não no Banco Montepio” e espera, “pelo menos parcialmente”, poder recuperar parte do valor das imparidades que foram constituídas.

Assegura ainda que as duas entidades do grupo “têm estado a ser recebidos os juros devidos”, ou seja, ainda não há incumprimento do serviço da dívida da parte das duas empresas russas que não foram identificadas. Além do banco, o seu principal ativo, a AMMG é dona das seguradoras Lusitânia e Lusitânia Vida e de outras sociedades.

A exposição do sistema financeiro português à Rússia e Ucrânia é “negligenciável”, “sendo pequena a exposição das instituições de crédito a empresas com relações comerciais com estes dois países”, segundo sinalizou o Banco de Portugal no Relatório de Estabilidade Financeira divulgado na sexta-feira.

O Novobanco é o banco nacional mais exposto: entre crédito a clientes e obrigações, a exposição à Rússia totalizava os 48,1 milhões de euros. Acresciam-se ainda exposições de 209 mil euros à Bielorússia (outro interveniente da guerra) e de 938 mil euros à Ucrânia, em ambos os casos, relativos a créditos a clientes, de acordo com o relatório e contas do banco liderado por António Ramalho.

Já a exposição direta da Caixa Geral de Depósitos (CGD) à Rússia é aproximadamente de quatro milhões de euros e à Ucrânia de um milhão de euros. O banco público adianta que “estes valores dizem respeito, na sua maioria, a crédito hipotecário concedido pela Caixa a cidadãos russos e ucranianos a residir em Portugal e cujo colateral se situa igualmente em Portugal”. Revela ainda que tem uma exposição a empresas não financeiras que se refere “a uma transação de factoring numa exportação de um cliente português e encontra-se parcialmente coberta por seguro”.

Outro banco português com exposição à Rússia é o BCP. Sem revelar valores, o CEO do banco, Miguel Maya, disse tratar-se de “uma exposição absolutamente imaterial quer a partir de Portugal quer a partir das operações estrangeiras” em dívida de empresas russas, pelo que, “do ponto de vista de risco de crédito, não há qualquer motivo para preocupação”.

Apesar da reduzida exposição direta à Rússia, o regulador antecipa impactos de segunda e terceira ordem do conflito no setor bancário, como o aumento dos preços e a travagem da economia a colocarem as empresas e famílias sob maior pressão.

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