“Uma boa ideia mal comunicada ficará irremediavelmente aquém dos resultados esperados”

No livro “O Dom da Palavra - Guia para falar bem em público”, Jorge Freitas sugere técnicas, truques e ferramentas para dominar a oratória.

Discurso e tom de voz; gestos e postura corporal; canal e materiais audiovisuais de suporte. Estes são apenas alguns dos aspetos a ter em conta quando o tema é a oratória. Uma arte que assusta algumas pessoas — que evitam falar em público —, mas que apaixona outras tantas. Jorge Freitas compilou nas páginas do livro “O Dom da Palavra – Guia para falar bem em público” técnicas, truques e ferramentas para dominar a arte de comunicar perante uma audiência.

A Pessoas esteve à conversa com o autor para perceber a importância de saber falar em público (e bem), como é que se pode melhorar as exposições orais, o que fazer em caso de um bloqueio (a famosa “branca”) e até as mudanças que ocorreram com a pandemia, que forçaram oradores e plateias a migrarem para o plano virtual, à distância de um ecrã.

Título: “O Dom da Palavra – Guia para falar bem em público”

Autor: Jorge Freitas

Editora: Pactor

6 questões a Jorge Freitas

Saber falar em público é uma skill fundamental, seja qual for a função que se exerce?

Um profissional que domine as técnicas de oratória ganha vantagem em relação aos seus adversários ou concorrentes. A necessidade de comunicar com sucesso e impacto é um objetivo intrínseco no seio empresarial. Uma boa ideia mal comunicada ficará irremediavelmente aquém dos resultados esperados.

Por outro lado, uma mensagem ruim, mas bem trabalhada do ponto de vista comunicacional poderá granjear grande sucesso e conseguir alguns resultados. A política está repleta disso mesmo. O negacionismo científico a que se tem assistido recentemente, os extremismos políticos ou as muitas teorias da conspiração têm catequizado multidões de fervorosos seguidores. O mundo tem assistido a uma marcha de pessoas ressentidas com a vida a seguirem líderes populistas, geralmente bons comunicadores, graças a um empenho comunicacional engendrado e altamente estratégico do ponto de vista da comunicação de massas.

Porque é que tantas pessoas evitam falar em público? Como podem treinar essa comunicação?

A principal causa é o medo da avaliação. Quando uma pessoa apresenta algo em público vai estar na berlinda do grupo, mais exposta do que os outros. A plateia perscruta milimetricamente o orador, desde a cor do cabelo, às unhas, aos sapatos, aos gestos, aos movimentos corporais, à respiração, à voz, ao olhar e, claro, ao discurso. Os olhares de uma multidão estarão a avaliar. Este é o principal desconforto.

Além de uma boa preparação, o orador deve trabalhar a autoestima para emitir sinais de confiança, credibilidade e, se possível, carisma também. “Sempre que abrimos a boca, a nossa alma desfila perante os outros!” Esta frase de um autor desconhecido retrata o grande desafio que é falar em público.

Cinco dicas que considera fundamentais para dominar a oratória.

Primeiro, construir um guião da apresentação assente em algumas perguntas capitais: o que esperam de mim na apresentação? O que pretendo que a plateia saiba no final do evento? No dia seguinte, o que é que a plateia não deve esquecer acerca do que foi dito?

Em segundo, não memorizar todas as palavras que vão ser ditas. O discurso de alto impacto deve sair do coração e não da memória.

Terceiro, treinar gestos, movimentos e voz em frente a um espelho. Em quarto, encontrar as melhores histórias acerca do tema e colori-las com ação, suspense, intriga, conflito, resolução, surpresa, personagens e emoção. Por fim, em quinto lugar, programar-se mentalmente para o sucesso e não levar muito a sério a própria plateia. Se não o fizer, a plateia ganha poder sobre o próprio apresentador.

Aconselha o uso de materiais audiovisuais, como powerpoints ou vídeos, por exemplo?

O melhor recurso é o próprio orador. Uma grande maioria de pessoas recorre excessivamente aos suportes audiovisuais de forma a escudarem-se nesses materiais. Enquanto a plateia vê um slide numa tela não olha para o orador e isso é reconfortante para quem não domina a oratória. Defendo sempre o menor uso possível de slides, sons ou vídeos numa apresentação em público. O orador é a peça central da oratória, juntamente com as suas ideias, convicções, entusiasmo e paixão.

E se houver um bloqueio?

Uma boa preparação previne possíveis bloqueios por parte do orador. A forma mais segura de contornar um bloqueio é o recurso aos cartões. São cábulas simples e discretas que devem estar com o próprio orador e que contêm curtíssimos tópicos, preferencialmente sem texto, apenas palavras orientadoras que reporão a lucidez ao orador.

E quando o público está do outro lado de um ecrã? Existem aspetos específicos a ter em consideração?

Muitos. Além das preocupações meramente técnicas com os equipamentos, o orador deve ter em conta todas as questões ligadas à postura corporal, à voz, ao olhar e aos pequenos tiques de nervosismo, que a webcam faz questão de ampliar. As expressões do semblante do orador ganham uma maior visibilidade online uma vez que a restante parte do corpo estará ocultada. O foco da avaliação corporal restringe-se essencialmente ao rosto e à voz do comunicador, o que traz preocupações acrescidas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“Uma boa ideia mal comunicada ficará irremediavelmente aquém dos resultados esperados”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião