Gigabateria do Tâmega arranca com sistema de bombagem de Gouvães em foco
Gouvães é a única das três barragens do complexo onde foi instalado um sistema de bombagem, a “única tecnologia que permite armazenar eficientemente grandes quantidades de energia".
Está dada como concluída uma das fases do projeto da “gigabateria do Tâmega”, um conjunto de três barragens e três centrais hidroelétricas que constituem um dos maiores projetos hidroelétricos europeus dos últimos 25 anos. As barragens de Daivões e Gouvães são as duas infraestruturas do Sistema Eletroprodutor do Tâmega que são inauguradas esta segunda-feira, ficando a faltar apenas a barragem do Alto Tâmega, que a Iberdrola, a concessionária encarregue do projeto, espera concluir até junho de 2024.
A obra tem um investimento previsto de 1,5 mil milhões nas três barragens e centrais hidroelétricas correspondentes que, de acordo com o responsável, José Maria Otero, se mantém inalterado nesta fase do projeto. O sistema eletroprodutor terá capacidade para produzir 1.766 gigawatts-hora anualmente, o suficiente para abastecer 440.000 residências, ou seja, o equivalente à população de Braga e Guimarães e o correspondente a 6% do consumo elétrico do país.
Assim que a construção estiver completa, o complexo vai empregar 40 pessoas em permanência, depois de cerca de 20.000 terem sido necessárias para erguer o complexo, adiantou o mesmo responsável.
Gouvães é a “estrela” do projeto, na medida em que é a única das três barragens onde foi instalado um sistema de bombagem, a “única tecnologia que permite armazenar eficientemente grandes quantidades de energia” e, neste caso, “a maior em Portugal”, explicou José Maria Otero, que recebeu os jornalistas nas instalações do complexo este domingo. A “gigabateria do Tâmega” possui assim capacidade para armazenar até 40 gigawatts-hora de energia.
Desta forma, a gigabateria contribui para a segurança do sistema elétrico nacional, constituindo uma reserva para situações de aperto. Funciona da seguinte forma: quando o sistema elétrico nacional está folgado, a produzir mais energia do que aquela que necessita — algo que acontece por exemplo durante o período noturno, quando o consumo de energia a nível nacional é menor mas as eólicas têm um rendimento maior –,o sistema de bombagem é acionado, aproveitando esta energia, abundante e consequentemente mais barata, para bombear a água de Daivões para Gouvães, percorrendo o caminho exatamente inverso àquele que percorreria se Gouvães estivesse a gerar energia. O gerador passa a servir de motor, e as turbinas passam a servir de bomba, para a água ascender até Gouvães. Aí regressa e fica a água, até que o sistema elétrico necessite de novo de energia hídrica para responder à procura, e portanto exija que a água volte a “cair” de Gouvães até à albufeira de Daivões. Um ciclo que pode repetir-se as vezes que forem necessárias.
Além de possuir esta segurança, a barragem de Gouvães tem ainda a vantagem de não depender do mesmo rio que as restantes: enquanto a de Alto Tâmega e a de Daivões são alimentadas pelas águas do Tâmega, a de Gouvães aproveita antes o leito do rio Torno.
Esta barragem, com apenas 30 metros de altura, que compara aos 77,5 metros de Daivões e aos 106,5 metros, por construir, da barragem do Alto Tâmega, tem uma potência instalada de 880 megawatts, acima dos 118 megawatts de Daivões e dos 106,5 MW que estão projetados para Alto Tâmega. A potência de Gouvães beneficia da posição mais elevada que esta estrutura possui, que permite que a água dê uma queda superior, de 657 metros, que compara com os 87 metros da barragem do Alto Tâmega e os 64,5 metros de Daivões.
O futuro do complexo, no que toca por exemplo ao uso para outras atividades como o turismo, ainda não está traçado. A Agência Portuguesa do Ambiente está responsável por elaborar o Plano de Ordenamento da Albufeira, no qual vão estar previstos os usos alternativos possíveis a estas águas.
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