75% dos clientes da Meo têm preços ligados à taxa de inflação

Administrador financeiro da "holding" que detém a Meo revelou esta quarta-feira que 75% dos clientes em Portugal têm preços indexados à taxa de inflação. Para já, não está prevista subida.

Cerca de 75% dos clientes da Meo podem sofrer aumentos nos preços das telecomunicações por causa do efeito da inflação. Essa é a percentagem dos contratos atuais com preços indexados à evolução do Índice de Preços no Consumidor (IPC), revelou o grupo esta quarta-feira.

O dado foi avançado por Malo Corbin, administrador financeiro da Altice International, a holding que controla a Altice Portugal e a operadora Meo. O gestor respondia a uma questão colocada por um analista durante uma conferência telefónica de apresentação de resultados trimestrais.

Instado a revelar a percentagem de clientes com cláusulas contratuais que permitem a atualização dos preços à taxa de inflação, Malo Corbin respondeu que uma parte da carteira de clientes da Meo diz respeito ao serviço pré-pago. No entanto, nos clientes com contratos de telecomunicações, até 80% “estão ligados ao IPC”, acrescentou — estimando, por isso, que cerca de 75% do total de clientes possam estar à mercê do aumento generalizado dos preços na economia.

De seguida, o mesmo analista perguntou se a indexação dos preços cobrados a esses clientes é igual ou superior à leitura do IPC. O gestor respondeu que é igual (e, por isso, não superior) à taxa de inflação.

O ECO confirmou a informação junto de fonte oficial da Altice Portugal, que indicou ainda que a empresa, até ao momento, não procedeu a atualizações de preços à taxa de inflação nos contratos atuais.

Mas o cenário pode mudar — se não este ano, já em janeiro próximo, por norma o momento em que as operadoras atualizam as mensalidades dos clientes atuais. Nos últimos anos, em geral, a Meo tem procedido a aumentos anuais de 50 cêntimos, o valor mínimo que define por cada atualização, podendo ser superior se a inflação assim o ditar.

Em maio deste ano, fonte oficial da Altice Portugal disse ao ECO: “O contexto da inflação está a ser monitorizado pela equipa de gestão da Altice Portugal com o objetivo de mitigar efeitos na estrutura e na operação. De momento, não há qualquer plano para a alteração de preços”. Na mesma ocasião, a concorrente Vodafone foi até mais longe. “Não podemos comprometer-nos” a não subir preços, disse fonte oficial.

Em junho, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação do IPC em Portugal, em termos homólogos, acelerou para 8,7%, um máximo desde dezembro de 1992, devido ao efeito da guerra, com aumentos nos preços da energia e dos bens alimentares. A inflação gera mais inflação, com atualizações de preços à taxa do IPC, como aquelas que poderão ocorrer em breve nas telecomunicações.

Subidas de preços que acabam por se refletir na estrutura de custos, a que o setor das telecomunicações não é imune. Face a este cenário, e numa altura em que são exigidos fortes investimentos no desenvolvimento da rede 5G (há obrigações de cobertura para cumprir, impostas pelo Governo), nos próximos meses, os clientes de telecomunicações em Portugal poderão experienciar um forte aumento nas mensalidades dos pacotes, caso as operadoras decidam proceder à atualização dos preços.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h11)

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