Rússia estará a queimar milhões de metros cúbicos de gás por dia que iriam para a Alemanha

A consultora Rystad Energy estima que estejam a ser queimados cerca de 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia, avaliados em 10 milhões de dólares.

A Rússia estará a queimar milhões de metros cúbicos de gás natural por dia na central de Portovaya que, segundo especialistas, seriam em condições normais exportados para a Alemanha.

Segundo as contas da Rystad Energy, consultora independente norueguesa nas áreas do petróleo e do gás, citadas pela BBC, esta sexta-feira, naquela central russa, próxima da estação de compressão do gasoduto Nord Stream 1 — que transporta o gás russo para a Alemanha — estarão a ser queimados diariamente cerca de 4,34 milhões de metros cúbicos de gás, avaliados em 10 milhões de dólares.

Ao jornal britânico, Miguel Berger, embaixador da Alemanha no Reino Unido, considera que os esforços europeus para reduzir a dependência do gás russo estão “a ter um forte impacto na economia russa” e que por isso estão a ser tomadas medidas excecionais, como esta. “[A Rússia] não tem a quem vender o gás, então tem que o queimar“, disse.

Por sua vez, um porta-voz da Rystad Energy adianta à BBC que ainda que sejam “desconhecidas as razões” para tal decisão, “os volumes, emissões e localização das chamas são um lembrete visível do domínio russo nos mercados de energia na Europa. Não há sinal mais claro de que a Rússia poderia fazer descer os preços da energia amanhã, se quisesse. Este gás é o que teria sido exportado via Nordstream 1 ou alternativas“, garante.

Além dos impactos que esta prática pode ter no preço do gás natural, cientistas consultados pelo jornal britânico admitiram estar preocupados com as quantidades de dióxido de carbono que estão a ser emitidos na central, cerca de 9.000 toneladas equivalentes de CO2 por dia. Embora a queima de gás seja um processo normal na indústria, seja por razões técnicas ou de segurança, a escala a que a Rússia o está a fazer está a deixar os especialistas apreensivos: “Nunca vi uma central queimar tanto gás. Desde junho que vimos um enorme pico e simplesmente não baixou. Tem permanecido anormalmente elevado”, disse à BBC Jessica McCarty, especialista em análise de dados de satélites.

Esta semana, o preço do holandês TTF, referência para o mercado europeu de gás natural, ultrapassou a marca dos 300 euros por megawatt hora (MWh) um máximo desde o recorde histórico registado no início de março, no início da invasão russa da Ucrânia. Esta sexta-feira, pelas 13h30, o preço situava-se nos 317 euros por MWh.

 

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