É oficial: Pedro Moreira já é presidente da CP

Interino há praticamente um ano, Pedro Moreira foi finalmente confirmado como presidente do conselho de administração da empresa pública. Isabel Ribeiro é a nova vice-presidente.

Pedro Moreira foi confirmado como presidente do conselho de administração da CP. Depois de quase um ano como interino, o engenheiro passa a liderar a empresa pública ferroviária até ao final de 2024, confirmando notícia adiantada pelo ECO em maio. Isabel Ribeiro sobe de administradora a vice-presidente. Joaquim Guerra passa a ser um dos administradores da transportadora. No novo conselho de administração vão continuar Ana Malhó e Pedro Ribeiro.

Presidente interino desde outubro de 2021 e vice-presidente da transportadora desde julho de 2019, Pedro Moreira é engenheiro de formação e um ferroviário. Tal como o antecessor, Nuno Freitas, o novo líder da CP construiu a carreira a partir das oficinas de manutenção ferroviária.

Com licenciatura em Engenharia Eletrotécnica no ramo de Automação e Sistemas pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, Pedro Moreira começou, em 1995, como técnico de manutenção de locomotivas e automotoras diesel nas então oficinas ferroviárias da EMEF.

Pouco depois da viragem do século, em 2002, o engenheiro acelerou a carreira e passou a engenheiro de produção dos comboios Alfa Pendular, com responsabilidade sobre o material circulante mais rápido da CP. Sete anos depois, em 2009, Pedro Moreira passou a gestor operacional destes comboios.

Antes de entrar para a vice-presidência da CP, Pedro Moreira foi o diretor da unidade de manutenção de Alta Velocidade da EMEF, responsável pela manutenção dos comboios Alfa Pendular. Este cargo tinha sido anteriormente ocupado por Nuno Freitas, entre 2009 e 2013.

Desafios operacionais

Pedro Moreira chega à liderança da CP mais de três anos depois de a empresa ter iniciado a recuperação de dezenas de unidades que estiveram encostadas no Entroncamento, num processo que custou 12 milhões de euros. Se o material encostado tivesse sido comprado como novo, teria custado 120 milhões aos cofres do Estado, ou seja, foram poupados 108 milhões de euros.

Resolvida a parte da engenharia, a transportadora enfrenta dois novos desafios: conseguir garantir que há oferta suficiente para responder à procura de passageiros – houve mais passageiros nos primeiros seis meses de 2022 do que em igual período em 2019, antes da pandemia; e ainda concretizar a encomenda de 117 novos comboios para o serviço suburbano e regional, no valor de 819 milhões de euros, cuja adjudicação foi adiada de dezembro de 2022 para fevereiro de 2023.

O novo líder da CP também tem de lidar com a dupla tutela, entre os ministérios das Infraestruturas e Habitação e das Finanças. A relação entre a empresa e o Governo central será desafiante, por exemplo, para obter autorizações para a compra de material para a manutenção de comboios.

A transportadora apenas poderá reganhar a desejada autonomia caso seja concretizada a reestruturação de 80% da dívida histórica. Contudo, o ‘perdão’ de 1,815 mil milhões de euros depende da aprovação da Direção-Geral da Concorrência: Portugal terá que provar que a dívida que é anulada é a que existia antes da liberalização do mercado, evitando uma ajuda de Estado. Praticamente toda a dívida histórica da empresa foi contraída em décadas anteriores por suborçamentação do Estado e que obrigou a transportadora a aumentar o passivo. Apesar de o Orçamento do Estado ter entrado em vigor em 28 de junho, ainda não há desenvolvimentos sobre este processo.

A demora na reestruturação da dívida foi o principal motivo para a saída de Nuno Freitas da CP, em 1 de outubro de 2021, a menos de três meses do final do mandato. À data, o gestor considerava que tinha concluída a missão que tinha, mas logo umas horas depois, Pedro Nuno Santos deixava perceber as verdadeiras razões. “Conheço as razões do eng. Nuno Freitas há muito tempo“, disse o ministro, “é compreensível o desalento” do gestor e “se dependesse de mim, estava resolvido“. Os desabafos de Pedro Nuno Santos tinham um alvo direto, o ministro das Finanças, João Leão, que tinha a tutela conjunta da CP com o Ministério das Infra-estruturas. “Há um momento em que nós próprios nos fartámos”, atirou o ministro. Entretanto, o Estado ‘livrou’ a CP de uma dívida histórica, decisão ainda à espera do regulador.

(Notícia atualizada às 16h00 com mais informação)

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