Galp alerta que se lucros forem taxados, não terá “capacidade para investir em soluções que Portugal precisa”

CEO da Galp rejeita a noção de que a petrolífera tem lucros excesso e apela que o Governo lance incentivos que permitam investir na transição energética. "Incentivem-nos a investir em Portugal".

O CEO da Galp rejeita a teoria de que a petrolífera tem lucros excessivos para serem taxados, relembrando que o valor dos investimentos que a petrolífera tem aplicado na transição energética, superam os lucros que obtiveram nos últimos nove meses. “Não temos lucros em excesso” afirmou, durante a sua intervenção numa sessão sobre o futuro do sistema energético, esta quinta-feira, na Web Summit.

Em declarações ao ECO/Capital Verde, esta quinta-feira, à margem da sessão, Andy Brown explicou que a “maioria do dinheiro” que a Galp obteve “teve origens no Brasil” e que embora tenham lucrado 608 milhões nos primeiros nove meses – um aumento de 86% face ao ano anterior –, a Galp investiu, no mesmo período, 940 milhões na transição energética. “Gastámos mais do que recebemos” vincou.

Recorde-se que na sequência da recomendação e aprovação da Comissão Europeia, Portugal decidiu aplicar uma taxa de 33% sobre os lucros excessivos — designado pelo executivo comunitário como Contribuição Temporária de Solidariedade (CTS) — das empresas com atividades nos setores do petróleo bruto, do gás natural, do carvão, da refinação e ainda as retalhistas. Para já, a taxa deverá incidir apenas sobre os lucros da Galp, mas Andy Brown diz que está a aguardar pelo desenho da proposta de lei que deverá ser apresentada pelo Governo até ao final do ano. Em Portugal, este novo imposto pode custar à petrolífera mais de 200 milhões de euros, segundo as contas do CaixaBank BPI Equity Research.

Face a esta realidade, o CEO demissionário da Galp lança um apelo ao Governo: “que nos incentive a investir no futuro e nas pessoas de Portugal, ao invés de nos retirarem e taxarem os lucros”, alegando que, dessa forma, a empresa não terá “capacidade para oferecer soluções que as pessoas do país precisam”.

Questionado sobre se essa taxa incidiria sobre a central de Sines, Andy Brown respondeu afirmativamente, explicando que “esse é o único lugar em Portugal onde fazemos dinheiro”. Segundo o responsável britânico, nos últimos 18 anos a petrolífera portuguesa gastou 2,7 mil milhões de euros em projetos de refinação em Portugal. “Nunca tivemos um cash-flow positivo, até este ano. E este ano, em que conseguimos ter receitas positivas nessa central, a resposta imediata do Governo foi “taxar””, disse, acrescentando que a decisão do Executivo de António Costa “ignora as perdas” que a empresa teve no passado.

Para o responsável, importa relembrar que a estratégia da Galp passa por transformar a atual refinaria de gás e petróleo, em Sines, num parque de energia verde. “Queremos gastar 1,2 mil milhões entre agora e 2030 nessa transição. Adoraríamos que o Governo nos encorajasse, de alguma maneira, a reciclar essa taxação nesse futuro. Se os governos não fizerem isso, não conseguiremos atingir os objetivos da transição energética”, alertou.

Galp vai instalar baterias em parques solares em Portugal e Espanha

No mesmo momento, Andy Brown revelou que a petrolífera está a preparar-se para testar um sistema de baterias de larga escala em Portugal e Espanha. De acordo com a notícia avançada pelo Expresso, esta quinta-feira, a central em Alcotrim deverá ser o local escolhido pela Galp para avançar com o projeto a nível nacional, algo que está previsto ser concretizado no terceiro trimestre do próximo ano.

“Vamos começar a comercializar a utilização de baterias associadas a parques solares. Temos 100 megawatts (MW) [de capacidade instalada], queremos chegar aos 150 MW”, explicou ao ECO/Capital Verde. “Vamos fazer um teste aqui em Portugal e outro em Espanha”, acrescentou, não descartando a possibilidade de o projeto ser alargando a mais áreas.

Para o responsável, o teste vai permitir armazenar energia durante a noite, “altura em que o preço da eletricidade é mais barato”, podendo, dessa forma, beneficiar de preços de venda mais elevados. “Isto vai permitir que forneçamos energia proveniente das centrais solares de uma forma mais estável porque um dos problemas da energia solar é que só funciona durante a noite”, acrescentou.

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