Metaverso nos seguros: primeiro chegará publicidade, depois vendas
A Minsait diz que o metaverso proporciona novas oportunidades de negócio para o setor dos seguros. O estudo que desenvolveu apura que “3 em cada 5 empresas ainda não realizaram qualquer planeamento".
O metaverso “é visto, a curto prazo, como um ambiente com potencial para posicionamento de marca e realização de ações publicitárias mais inovadoras e apelativas”, admite Andrés Duque Bavariano, Diretor de Serviços Financeiros da Minsait. No entanto, “a médio e longo prazo, estes objetivos serão alargados a mais áreas, tornando-se um canal de vendas que faz parte da estratégia interna e permite atingir mais públicos”, conclui.
As declarações surgem após a divulgação do estudo “Insurance Metaverse: Novas Realidades, Novas Oportunidades”, que analisa os desafios colocados às seguradoras pelo ambiente virtual do metaverso. O estudo foi realizado pela Minsait, empresa da Indra, especialista em transformação digital e tecnologias de informação, e desenvolvido em conjunto com a Investigación Cooperativa entre Entidades Aseguradoras y Fondos de Pensiones (ICEA), associação sem fins lucrativos que reúne uma grande parte das companhias de seguros espanholas e dedica-se à investigação, estudos estatísticos, formação e consultoria aplicada à atividade dos seguros.
O metaverso, iconizado pelos óculos que permitem as sensações desse universo, define-se pelo uso de ativos como avatars, modelos 3D, ambientes espaciais próprios e realidade híbrida. Estes ativos irão trabalhar com metadata para criar perfis pessoais e de negócios que depois habitarão no metaverso. Entre seguradoras, a pioneira foi a coreana Heungkuk Life Insurance, que permitiu visitar uma loja virtual. Entre os riscos, a próxima fronteira será segurar propriedades virtuais e pior, como calcular risco e definir valor para o que não existe fisicamente.
Os desafios colocados às seguradoras quando aderem ao metaverso, as ferramentas que facilitarão a sua rentabilidade, bem como os possíveis desafios envolvidos no crescimento no metaverso e na garantia da sua convergência com o mundo real, foram algumas das questões estudadas pela ICEA e Minsait.
A Minsait acredita no impacto positivo do metaverso no setor dos seguros, que irá consistir, diz a empresa, em comunicado, num “ambiente virtual onde as seguradoras poderão encontrar novos canais de interação com os seus profissionais e segurados e encorajar a sua atividade empresarial”.
De acordo com o relatório, 3 em cada 5 empresas ainda não realizaram qualquer planeamento relacionado com ambientes virtuais e apenas uma empresa da amostra analisada passou a esta fase.
O estudo conta com a participação de 64 entidades presentes no mercado espanhol, representando uma quota de mercado de cerca de 70% do volume de prémios no setor dos seguros que, em 2021, ascendeu a 61.831 milhões de euros, de acordo com as estimativas da ICEA.
Também o “Tech Trend Radar 2022” o radar de tendências da Munich Re para este ano, lista o metaverso como uma das principais temáticas dentro da área da “hiperconexão”, e, ao analisar oportunidades e riscos, aconselha os leitores a avaliar esta tendência mais de perto para a sua empresa: “o metaverso pode abrir várias oportunidades de negócio. Pode também tornar-se um lugar de interação entre clientes e equipas, à medida que as reuniões físicas se tornam menos frequentes. As empresas devem agora examinar as possíveis aplicações”.
De acordo com Andrés Duque Bavariano, “é importante analisar o impacto (do metaverso) nos produtos e processos. Aspetos como a propriedade privada dentro do metaverso, a transferência de valor para o plano digital sob a forma de criptoativos e NFTs (non-fungible tokens), a nova responsabilidade civil ou os modelos de relação com o cliente proporcionarão uma adaptação da oferta e da própria gestão do negócio que as companhias de seguros terão de começar a abordar”.
Segundo André Duque, para alcançar uma evolução real (e rentável) no metaverso, a chave, mais uma vez, reside na inovação tecnológica. Segundo ele, “as companhias de seguros já estão conscientes e compreendem o impacto que os avanços da realidade virtual e aumentada (VR/AR) terão como forma otimizada de se relacionarem com este ambiente, o 5G/6G como potenciador de ligações e relações em tempo real, e as tecnologias como a inteligência artificial (IA), cujo impacto será notável a todos os níveis”.
O especialista menciona que outras evoluções digitais como a blockchain têm grande potencial para permitir modelos seguros e fiáveis de transferência de valor ou economias digitais descentralizadas em mundos virtuais.
Questões como a falta de conhecimento dos novos modelos de negócio a implementar, a falta de prioridade que estas iniciativas têm entre as equipas de gestão, a imaturidade das empresas em matéria de tecnologia e segurança ou a ausência de pessoal com conhecimento especializado são algumas das causas.
“É importante encontrar parceiros e estabelecer alianças para o futuro que ajudem a definir uma estratégia alinhada com as necessidades do negócio”, diz Andrés Duque. A aposta em novos perfis profissionais com conhecimentos técnicos e orientados para este campo, ou a implementação de estratégias de negócio que possibilitem uma ação mais estratégica, serão aspetos chave a serem desenvolvidos a médio prazo.
A responsabilidade civil, a evolução das regulamentações para assegurar a privacidade e a segurança da informação, e a utilização da própria legislação não só identificam riscos alternativos, como são, em si mesmas, grandes oportunidades para o setor dos seguros.
Embora os planeamentos sejam iniciais e ainda existam medidas que desencorajam as empresas, tais como o ambiente regulatório imaturo e a regulamentação dos dados, a verdade é que, segundo o estudo, “os benefícios se materializarão à medida que os projetos e iniciativas avançarem. O facto de poder aceder a novos segmentos de clientes, a sua fidelização e atrair talentos inovadores são apenas alguns dos benefícios mais imediatos. A médio e longo prazo, irá gerar diretamente linhas de negócio alternativas“, prevê Andrés Duque.
A ICEA, que conduziu o estudo, é uma associação sem fins lucrativos que reúne uma grande parte das companhias de seguros espanholas e dedica-se à investigação, estudos estatísticos, formação e consultoria aplicada à atividade dos seguros.
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