Eva Kaili perde estatuto de vice-presidente do Parlamento Europeu
Acusada de corrupção no caso do Qatargate, a eurodeputada grega Eva Kaili perdeu o estatuto de vice-presidente do Parlamento Europeu, com 625 colegas a votarem a favor e só um voto contra.
A grega Eva Kaili perdeu oficialmente o cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu, dias depois de ter sido detida na sequência do caso Qatargate. Esta terça-feira de manhã, uma maioria de 625 eurodeputados votou a favor da remoção do estatuto, havendo registo de um voto contra e duas abstenções, confirmou o Parlamento Europeu num comunicado.
Eva Kaili, que servia como um dos 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu, foi uma das pessoas detidas sexta-feira pelas autoridades belgas, na sequência de uma investigação a suspeitas de subornos do Qatar para influenciar a política europeia. O Qatar, anfitrião do Mundial de futebol este ano, rejeita qualquer envolvimento com o caso.
A votação teve lugar por decisão unânime da Conferência de Presidentes, que se mostrou “chocada e profundamente preocupada com as revelações recentes de corrupção e influência criminosa no processo de tomada de decisão no Parlamento Europeu”. “Todos [os envolvidos] devem ser responsabilizados”, lê-se num comunicado que também dá conta do reforço das medidas de segurança neste organismo da União Europeia.
Kaili nega ter recebido dinheiro do Qatar
Eva Kaili foi formalmente acusada de corrupção na Bélgica esta segunda-feira e deverá ser ouvida em tribunal na quarta-feira. A eurodeputada declara-se inocente e nega ter recebido dinheiro, disse esta terça-feira um dos seus advogados, Michalis Dimitrakopulos.
“[Eva Kaili] não tem nada a ver com o financiamento do Qatar, nada, explicitamente e inequivocamente. Essa é a posição dela”, disse Dimitrakopoulos ao canal de televisão grego OPEN.
O advogado acrescentou que Kaili, que está em prisão preventiva na Bélgica, “não exerceu nenhuma atividade comercial na sua vida”. Quanto ao pai de Eva Kaili, que, segundo a imprensa, foi detido quando tentava fugir com sacos cheios de dinheiro, o advogado esclareceu que as autoridades belgas não lhe impuseram condições restritivas e que, se quiser, “é livre de regressar para a Grécia”.
A eurodeputada socialista grega, entretanto suspensa de todas as suas funções tanto na Grécia como no Parlamento Europeu, é uma das quatro pessoas que estão detidas preventivamente sob a acusação de alegada participação numa organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção relacionada com o Qatar.
Um juiz belga decidiu no domingo acusar Eva Kaili, deputada da bancada dos Socialistas europeus (do grupo dos Socialistas e Democratas, S&D), juntamente com outras três pessoas, incluindo o seu companheiro, o italiano Francesco Giorgi.
A investigação foi aberta pela justiça belga, por suspeitas de um lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas do Parlamento Europeu.
A Autoridade Grega de Combate ao Branqueamento de Capitais ordenou na segunda-feira a apreensão dos bens (imóveis, contas bancárias, empresas) de Eva Kaili e dos seus familiares próximos no país, justificando que podem ser provenientes de atividades ilegais. Os depósitos bancários de Eva Kaili mais que duplicaram em dois anos, segundo as suas declarações anuais de bens que estão disponíveis no portal do parlamento helénico.
Eva Kaili, de 44 anos, faz parte da ala mais conservadora do partido socialista grego, PASOK-Kinal, e tornou-se deputada do parlamento helénico em 2007. Desde 2019, é deputada do Parlamento Europeu. Antes de entrar para a política, foi moderadora do canal de televisão grego MEGA, depois de estudar engenharia civil e arquitetura.
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