Corrida aos Certificados de Aforro: aumento recorde de 7,2 mil milhões em 2022

Certificados de Aforro tiveram ano memorável: aumentaram 7,2 mil milhões em 2022 para valor recorde de 20 mil milhões, compensando quebra inédita nos Certificados do Tesouro.

Os Certificados de Aforro são um fenómeno e os números de 2022 comprovam a corrida das famílias portuguesas ao mais tradicional dos produtos de aforro do Estado: os investimentos tiveram um aumento recorde de 7,2 mil milhões de euros no ano passado, à boleia da subida das taxas Euribor (que tarda a refletir-se nos depósitos bancários), compensado a quebra inédita nos Certificados do Tesouro.

No final de 2022, os aforradores tinham um montante recorde de 19,6 mil milhões de euros aplicados em Certificados de Aforro (sendo que 36% do stock corresponde ao aumento registado no ano passado), um valor que vem engordando de forma ininterrupta desde março de 2020 (início da pandemia), mas que só acelerou a partir da segunda metade do ano passado.

Certificados de Aforro voltam à ribalta

Fonte: Banco de Portugal

O que explica o regresso da popularidade dos Certificados de Aforro? A remuneração, que vem crescendo à boleia das Euribor e que supera já os 3% para as novas subscrições realizadas neste mês de janeiro.

O que acontece é que o Banco Central Europeu (BCE) vem subindo as taxas diretoras do euro para travar a escalada da inflação, com o aperto da política monetária a refletir-se no aumento das taxas interbancárias, as quais ajudam no cálculo da remuneração dos certificados – a fórmula contempla um prémio de permanência e a média dos valores da Euribor a três meses observados nos 10 dias úteis anteriores.

Enquanto os bancos tardam em subir os juros dos depósitos, algo que já mereceu vários reparos do governador do Banco de Portugal, as famílias parecem ter encontrado nos Certificados de Aforro uma alternativa novamente atraente para o seu dinheiro (e travar um pouco o efeito corrosivo da inflação), depois de anos sem grande poder de atração em face do ambiente de juros baixos.

Certificados pagam mais de 3%

Fonte: IGCP

Dezembro foi mesmo um mês sem precedentes: as aplicações nestes certificados “engordaram” 1,9 mil milhões de euros, pulverizando o recorde de 1,7 mil milhões do mês anterior.

Em contrapartida, os Certificados do Tesouro têm vindo a perder a popularidade que tiveram nos anos mais recentes (acompanhando a revisão em baixa da taxa de juro por parte do Governo – os últimos pagam uma taxa média de 1%, mais prémio ligado ao PIB). E no ano passado os investimentos tiveram uma quebra inédita de 2,6 mil milhões de euros, atingindo os 15,2 mil milhões em dezembro (bem abaixo dos 17,9 mil milhões em outubro de 2021).

Ainda assim, a febre dos Certificados de Aforro compensou a perda nos Certificados do Tesouro: os portugueses confiam ao Estado cerca de 34,9 mil milhões de euros das suas poupanças, um aumento de 4,6 mil milhões em relação ao ano passado.

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