Portugal promete investir 12 milhões no fundo climático cabo-verdiano até 2025
Portugal quer participar no fundo que Cabo Verde está a criar para o clima e a transição energética", investindo integralmente "todo o montante em amortização da dívida" do país a Portugal.
O primeiro-ministro português anunciou esta segunda-feira que todo o montante da amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal será “integralmente investido” por Lisboa no fundo cabo-verdiano para o clima e transição energética, um valor que deverá atingir os 12 milhões de euros até 2025.
De acordo com dados do executivo cabo-verdiano de 2021, a dívida de Cabo Verde a Portugal ascendia então a mais de 600 milhões de euros e com este acordo anunciado pelos primeiros-ministros dos dois países no Mindelo, ilha de São Vicente, à margem da Cimeira dos Oceanos (Ocean Race Summit), de cada vez que Cabo Verde liquidar valores do pacote global, essa verba será reinvestida no país pelo Governo de Lisboa.
Para António Costa, “nenhum país será sustentável se todos os países não forem sustentáveis. É um trabalho que tem de ser feito em conjunto”. “É por isso que Portugal quer comparticipar no fundo que Cabo Verde está a criar para o clima e a transição energética”, investindo integralmente “todo o montante em amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal”.
E explicou: “Significa, para termos uma noção, até 2025, estamos a falar de montantes na ordem dos 12 milhões de euros e assim sucessivamente irá acontecer. É uma forma de converter uma dívida, no que passa a ser uma capacidade de Cabo Verde investir na transição energética, no combate às alterações climáticas e que o possamos fazer em conjunto”.
Costa disse ainda que, “além da contribuição financeira, os portugueses contam poder ser envolvidos, mobilizados para contribuir nos mais diversos domínios” onde têm especialização de eficência energética. O chefe do Governo português indicou que “as alterações climáticas são seguramente o maior desafio que a humanidade enfrenta nos dias de hoje”.
“Digo hoje porque, para atingir os objetivos a que nos comprometemos todos em 2050, esse caminho tem que ser feito hoje”, disse. A este propósito, referiu que se Portugal tem hoje 58% de eletricidade com fontes renováveis, isso só foi possível porque “este trabalho começou há mais de 15 anos” e que a próxima meta é atingir os 80% em 2026.
Ulisses Correia e Silva agradeceu a presença de António Costa, que “deu mais brilho” à Cimeira dos Oceanos, sublinhando o mar que ambos os países partilham. “Portugal também tem mar como um recurso muito importante, em termos de amplitude e de abrangência, mas também em termos de estratégia. Nesta perspetiva convergimos. Somos muito mais mar do que terra, 99,3% do nosso território é marítimo, da dimensão do Texas”.
O primeiro-ministro cabo-verdiano recordou as metas em termos de desenvolvimento sustentável, nomeadamente a transição energética em curso que deverá, em 2030, traduzir-se em mais de 54% de toda a produção através das energias renováveis. “Temos todas as razões para ir mais além”, disse, recordando que estes passos irão ter um impacto na fatura energética, uma vez que atualmente Cabo Verde importa cerca de 80% do combustível que consome.
“Temos sol, mar, vento, todas as condições para por uma prioridade muito forte na transição energética”, observou. A Ocean Race Summit insere-se na primeira passagem por Cabo Verde da Ocean Race e reúne esta segunda no Mindelo, ilha de São Vicente, políticos, governantes, especialistas e outras personalidades para abordar o futuro dos oceanos.
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